Fariñas diz que libertação de presos políticos 'não é suficiente'

Em entrevista ao 'El País', dissidente cubano diz que governo não toma medidas da forma correta

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'Estamos vivendo um momento histórico, de transição', disse o dissidente.

 

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HAVANA - Um dia após vencer um importante prêmio de luta pelos direitos humanos do Parlamento Europeu, o dissidente cubano Guillermo Fariñas disse em entrevista publicada nesta sexta-feira, 22, no jornal espanhol El País que a libertação dos presos políticos por parte de Havana não é o suficiente e não refletem uma mudança real na postura de Cuba.

 

De acordo com Fariñas, as libertações são "um passo positivo, mas insuficiente. Em primeiro lugar, são enviados ao exílio. Segundo, todos os presos políticos deveriam ser libertados. E o mais importante - as leis devem ser mudadas para que eles não voltem à prisão".

 

Fariñas foi laureado na quinta com o prêmio Sakharov, distinção concedida pelo Parlamento Europeu a pessoas e organizações que lutam pelos direitos humanos. Ele foi o terceiro dissidente cubano a receber o prêmio em oito anos - em 2002, Osvaldo Paya recebeu a distinção, e as Damas de Branco receberam em 2005.

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O dissidente também classificou como insuficientes as medidas econômicas adotadas pelo presidente Raúl Castro, que iniciou uma pequena abertura da economia cubana. Fariñas disse que o governo está tomando o caminho errado. "As pequenas e médias empresas devem ser estimuladas, mas não da forma como está sendo feito, com impostos altíssimos de 35%. Quando muito, as taxas deveriam ser de 10% ou 15%. É o que o governo deve fazer se realmente planeja tornar a iniciativa privada uma alternativa, já que vai demitir meio milhão de pessoas", analisou.

 

Fariñas concluiu a entrevista ao El País dizendo que Cuba vive "um momento histórico, de transição". "A morte de Orlando Zapata, as Damas de Branco, as greves de fome, a nova conjuntura cubana, a pressão dos países democráticos. Tudo isso vai colocar mais pressão no governo", disse.

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