A Fatah - facção do presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas - reuniu ontem centenas de milhares de militantes na Cidade de Gaza, em uma inédita demonstração de força desde que o rival islâmico, Hamas, assumiu o controle do território, há quase seis anos. O ato celebrou o aniversário de 64 anos da criação do grupo por Yasser Arafat.As duas facções palestinas travaram uma breve guerra civil em 2007 e a cúpula da Fatah foi expulsa à bala da Faixa de Gaza. Apesar dos esforços em busca da reconciliação, os lados foram incapazes de forjar um novo governo de união nacional. Há cinco anos, a AP governa a Cisjordânia e o Hamas, Gaza.No mês passado, o grupo islâmico realizou uma manifestação na Cisjordânia - o ato, porém, reuniu um número bem menor de palestinos. Para analistas, a ofensiva israelense contra Gaza, em novembro, acabou por aproximar os rivais palestinos.A manifestação de ontem tingiu as ruas do isolado território palestino de amarelo, a cor da Fatah. Um mar de bandeiras e cartazes tomou uma das praças centrais de Gaza.Os discursos, porém, foram marcados por um tom conciliador e o próprio Abbas, falando da Cisjordânia, previu que as duas facções em um futuro próximo chegarão a um acordo. "Em breve, reconquistaremos nossa unidade", afirmou o presidente palestino.As diferenças entre os grupos, porém, continuam acentuadas. Apoiado pelo Ocidente, a Fatah defende a solução de dois Estados e um acordo de paz com Israel. O Hamas, aliado ao Irã e, cada vez mais, às monarquias da Península Árabe, não reconhece o direito de existência do Estado israelense.Na prática, os dois lados não se entendem sobre como o poder seria dividido, quem controlaria as forças de segurança nem quais seriam os integrantes do gabinete palestino. O Hamas venceu as eleições parlamentares de 2006 e formou um governo de coalizão com a Fatah, que ruiu em meio aos combates do ano seguinte. Ontem, uma fonte do governo do Egito, mediador das negociações entre os palestinos, disse, em condição de anonimato, que os dois grupos retornariam ao Cairo para dialogar dentro de duas semanas. / REUTERS
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