No início de julho, durante a "Festa de Verão" anualmente oferecida para jornalistas da área da política atuantes em Berlim pelo Ministério Alemão das Relações Exteriores, tive uma breve conversa com o Ministro Heiko Maas, do partido social-democrata sobre como o governo alemão vê a situação atual do Brasil. Ele ratificou a importância econômica do Brasil como o maior parceiro econômico da América do Sul e assegurou que o governo alemão acompanha "com muita atenção" o desenvolvimento no Brasil.
Na sexta-feira (31), as pautas foram em torno da visita de Martin Schulz a Lula na Polícia Federal em Curitiba.
Schulz chegou na capital paranaense como "a voz da social-democracia europeia e alemã", entretanto, o ex-chefe do SPD é, assim como Lula, uma figura trágica da política. Schulz, que foi eleito com 100% de votos na convenção de seu partido, no início de 2017, levou um tombo inesquecível nas eleições gerais de setembro de 2017. Pior que isso. Cometendo erros crassos em entrevistas e se mostrando arredio a qualquer tipo de consultoria de como se comportar com a mídia, ele caiu feio. Teve que engolir Angela Merkel nas negociações para a formação do novo governo e depois saiu pelas portas dos fundos e ainda perdeu a chefia do partido.
A entrevista concedida na porta da sede da Polícia Federal foi em alemão, com a arrogância habitual daquele que foi presidente do Parlamento Europeu entre 2012 e 2017. O seu tradutor, de exímia capacidade, ia destrinchando para os jornalistas. A presença pálida de Fernando Haddad, o vice de Lula ao lado de Schulz frente às câmeras, teve um efeito cosmético e previsível e mostra, claramente, a falta de um Plano B do PT, poucas semanas antes das eleições e até a noite de sexta-feira (31), teimava na candidatura de Lula.
Orgulho pela visita ao amigo, Schulz postou foto em seu Twitter fato este que fez desencadear o desdobramento na imprensa alemã. Ainda segundo a imprensa alemã, Lula teria dado a Schulz um bilhete escrito pelo próprio punho contendo a frase: "Eu conto com a solidariedade do povo alemão".
Atualmente, depois de seu suicídio político e sem nenhum cargo nem em âmbito europeu e só lhe tendo restado o mandado de parlamentar na bancada do SPD, Schulz tem muito tempo disponível para viajar. Segundo ele, a viagem foi a pedido de Andrea Nahles, sua sucessora na direção do partido e membro do autal governo em coligação com o partido de Merkel, o CDU, onde Nahles chefia a pasta do Trabalho.
O portal da "Semana da Economia": "Martin Schulz visita o ex-presidente Lula na prisão" e acrescenta no Teaser: "Um prisioneiro mundialmente famoso faz campanha diretamente da cela e divide o país".
https://www.wiwo.de/politik/ausland/brasilien-martin-schulz-besucht-ehemaligen-staatschef-lula-im-gefaengnis/22980114.html
O portal Epochtimes titula: "A pedido de Andrea Nahles, Martin Shulz visita ex-presidente socialista, Lula, no Brasil".
https://www.epochtimes.de/politik/deutschland/auf-wunsch-von-nahles-martin-schulz-besucht-sozialistischen-ex-praesidenten-lula-in-brasilien-im-gefaengnis-a2620356.html
O portal Spiegel Online publicou: "Martin Schulz visita Lula na prisão antes das eleiçoes"
http://www.spiegel.de/politik/ausland/martin-schulz-besucht-luiz-inacio-lula-da-silva-im-gefaengnis-vor-brasilien-wahl-a-1225827.html#ref=rss
O jornal Süddeutsche Zeitung, com sede em Munique, atesta: "Lula não poderá concorrer às eleições".
https://www.sueddeutsche.de/politik/wahl-in-brasilien-lula-da-silva-darf-nicht-zur-wahl-antreten-1.4113181
O portal do Tagesschau, principal noticiário do país em TV aberta, atesta: "Lula não poderá ser candidato".
https://www.tagesschau.de/ausland/brasilien-lula-117.html
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