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FBI faz busca por documentos secretos na casa de férias de Biden

Ação realizada com a cooperação do presidente dos EUA e sua equipe jurídica não encontrou nenhum arquivo considerado classificado pelo governo americano

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O FBI realizou nesta quarta-feira, 1.º, a terceira busca em um endereço associado a Joe Biden em busca de documentos confidenciais. Mesmo sem encontrar arquivos, o desenrolar do caso deixa o presidente americano em um embaraço político que afeta diretamente a disputa pela Casa Branca em 2024.

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A ação do FBI foi a mais recente de uma série de revelações de que Biden manteve materiais que deveriam ter sido devolvidos aos Arquivos Nacionais depois que ele deixou a vice-presidência em janeiro de 2017.

A descoberta de documentos secretos dos Estados Unidos em dois endereços particulares do presidente Biden, divulgada no começo do ano, levou a uma comparação do caso com o do ex-presidente Donald Trump, investigado por levar arquivos sigilosos de sua presidência para o seu resort particular, Mar-a-Lago, na Flórida, após o mandato.

Buscas estão sendo realizadas na casa de férias de Biden em Rehoboth Beach. Foto: Shannon McNaught/Delaware News Journal via AP - 12/01/2021

Nesta quarta, a busca do FBI foi feita na casa de férias de Biden, em Rehoboth Beach, no Estado de Delaware e teve a cooperação do presidente e sua equipe jurídica. “Não foram encontrados documentos com menção de sigilosos”, informou o advogado Bob Bauer, em um comunicado.

No dia anterior, meios de comunicação, incluindo o The New York Times, informaram que o FBI havia conduzido uma busca semelhante em um think tank de Washington, o Penn-Biden Center, em meados de novembro, depois que os assessores do presidente descobriram um pequeno esconderijo de documentos confidenciais.

No caso Biden, os documentos são da época em que ele foi vice-presidente e estavam em um escritório particular usado antes da campanha presidencial de 2020. Mas, como no caso Trump, os arquivos deveriam estar sob a posse da Administração Nacional de Arquivos e Registros e não sob domínio particular.

Em meio aos temores de um escândalo em Washington, o custo mais significativo para o presidente pode ser o da oportunidade perdida para o democrata em uma corrida pela Casa Branca no ano que vem, mesmo que a investigação sobre o manuseio incorreto de documentos confidenciais pela equipe de Biden termine sem consequências legais.

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Diferenças

Os casos têm diferenças nos detalhes. Biden cooperou com as autoridades, convidando-as a revistar sua casa, enquanto Trump desafiou os esforços para recuperar documentos mesmo após ser intimado, levando um juiz a emitir um mandado de busca. No entanto, são semelhantes o suficiente para que, na prática, os democratas não possam mais usar a questão contra Trump politicamente, e os investigadores tenham mais dificuldade em processá-lo criminalmente.

“Sinto que, quando a investigação for concluída, o caso Biden pode acabar sendo um dos erros não intencionais, um descuido, mas não o descumprimento intencional das regras ou da lei”, disse David Axelrod, ex-assessor sênior do presidente Barack Obama. “O caso Trump é muito diferente e mais sério. Mas no tribunal da opinião pública, essas linhas podem agora estar misturadas”.

E tais linhas ficarão ainda mais confusas se revelações adicionais do caso de Biden produzirem informações mais prejudiciais. Por essa razão, os democratas estão cada vez mais frustrados com uma Casa Branca que escondeu a descoberta de documentos secretos do público por dois meses e, mesmo depois da divulgação, forneceu apenas informações parciais e depois declarou a busca completa para que mais documentos aparecessem.

Trump comemora

Ninguém ficou mais feliz com os novos fatos do que Trump, que previsivelmente os usou para desviar a atenção de seu próprio caso para acusar os democratas e o governo de atacá-lo por causa da disputa partidária. Durante um evento para arrecadação de fundos na terça-feira, Trump disse a seus apoiadores que estava “sendo perseguido” enquanto Biden “está recebendo um tratamento especial”.

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O ministro da Justiça, Merrick B. Garland, determinou conselheiros especiais diferentes para investigar os casos de Trump e Biden, um esforço para isolar um caso do outro e, pelo menos em teoria, deixá-los longe da questão política.

“Biden mentiu para o povo americano e armou o Departamento de Justiça – ou como eu o chamo, o Departamento de Injustiça – para vir atrás de mim pelo mesmo crime que ele realmente cometeu”, disse Trump em um vídeo. “A diferença é que, embora eu tenha feito tudo certo – não fiz nada de errado – Biden fez tudo errado”, afirmou o ex-presidente americano no vídeo.

Ao mesmo tempo, os republicanos que se sentiram desconfortáveis com perguntas sobre o ex-presidente se apressaram em sugerir uma equivalência, ou mesmo em afirmar que a conduta de Biden foi pior do que a de Trump.

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Visão dos americanos

Uma nova pesquisa de opinião mostrou que a maioria dos americanos acha que tanto Trump quanto Biden fizeram algo errado. Dos entrevistados pela ABC News e Ipsos, 77% disseram que Trump agiu de forma inadequada ao lidar com documentos confidenciais, enquanto 64% indicaram que Biden agiu de forma errada.

Muitos americanos fazem uma distinção quanto ao grau do crime dos políticos: 43% disseram que a conduta de Trump era uma “preocupação mais séria” em comparação com 20% que disseram que a de Biden era mais séria. Mas 30% consideraram os dois casos igualmente sérios.

A percepção pública de que todo mundo tem a prática de esconder documentos confidenciais aumentou após a recente descoberta de documentos desse nível na casa do ex-vice-presidente Mike Pence em Indiana. Pence pediu a um advogado para examinar os arquivos com muita cautela, informou a rede americana CNN na terça-feira, e assim que os documentos foram encontrados prontamente os entregou às autoridades. / AFP e NYT

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