Fethullah Güllen, ex-aliado de Erdogan e acusado de tentar golpe de Estado, morre aos 83 anos

Religioso turco foi expulso do país em 2017 acusado de ser o mentor da tentativa frustrada de um golpe contra o governo de Recep Tayyip Erdogan, em 2016

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Por Redação
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ISTAMBUL – O pregador muçulmano Fethullah Gülen, arqui-inimigo do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, morreu neste domingo, 20 (madrugada de segunda no Brasil), aos 83 anos nos Estados Unidos, onde ele residia havia 25 anos. A informação foi divulgada por aliados e confirmada pela imprensa turca.

De acordo com a rede pública de televisão do país, TRT, o religioso – a quem Ancara acusa de ter tramado um golpe de Estado fracassado em julho de 2016 – morreu “na noite passada no hospital para o qual havia sido transferido”.

Clérigo foi acusado pelo governo de Erdogan de ter sido o mentor da tentativa de golpe de estado, em 2016 Foto: Selahattin Sevi/AFP

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Seu site, Herkul, que afirma que Gülen morreu “em 20 de outubro”, está proibido na Turquia.

“O reverendo Fethullah Gülen, que passou cada instante de sua vida servindo à abençoada religião do Islã e à humanidade, partiu hoje [20 de outubro] para os horizontes de sua alma”, publicou o site, indicando que em breve “serão publicadas informações detalhadas sobre o procedimento de inumação”.

A agência estatal turca Anadolu também divulgou a informação e precisou que “o círculo próximo de Gülen e muitas pessoas ligadas à direção da organização, ativas nas redes sociais, também afirmaram que o líder havia falecido”. Por enquanto, nem as autoridades turcas nem os políticos comentaram a notícia.

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Gülen, inspirador do movimento homônimo, também chamado “Hizmet” (“Serviço”, em turco), estava à frente de uma rede extensa de escolas espalhadas por todo o mundo. Desde 1999, ele residia na Pensilvânia, Estados Unidos, para onde se mudou por vontade própria.

O pregador, a quem o governo acusa de liderar um grupo “terrorista”, afirmava que se tratava apenas de uma rede de organizações de caridade e empresas.

Antigo aliado de Erdogan, foi acusado de terrorismo desde que um escândalo de corrupção, orquestrado por juízes ligados à nebulosa gulenista, atingiu no final de 2013 pessoas próximas ao então primeiro-ministro. Por enquanto, não se sabe se o presidente permitirá que seus restos sejam repatriados para a Turquia.

Ancara o despojou da cidadania turca em 2017, quando Erdogan acusou o pregador do golpe de Estado fracassado de 15 de julho de 2016, que levou a centenas de milhares de prisões entre seus seguidores na Turquia. /AFP

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