ISTAMBUL – O pregador muçulmano Fethullah Gülen, arqui-inimigo do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, morreu neste domingo, 20 (madrugada de segunda no Brasil), aos 83 anos nos Estados Unidos, onde ele residia havia 25 anos. A informação foi divulgada por aliados e confirmada pela imprensa turca.
De acordo com a rede pública de televisão do país, TRT, o religioso – a quem Ancara acusa de ter tramado um golpe de Estado fracassado em julho de 2016 – morreu “na noite passada no hospital para o qual havia sido transferido”.
Seu site, Herkul, que afirma que Gülen morreu “em 20 de outubro”, está proibido na Turquia.
“O reverendo Fethullah Gülen, que passou cada instante de sua vida servindo à abençoada religião do Islã e à humanidade, partiu hoje [20 de outubro] para os horizontes de sua alma”, publicou o site, indicando que em breve “serão publicadas informações detalhadas sobre o procedimento de inumação”.
A agência estatal turca Anadolu também divulgou a informação e precisou que “o círculo próximo de Gülen e muitas pessoas ligadas à direção da organização, ativas nas redes sociais, também afirmaram que o líder havia falecido”. Por enquanto, nem as autoridades turcas nem os políticos comentaram a notícia.
Gülen, inspirador do movimento homônimo, também chamado “Hizmet” (“Serviço”, em turco), estava à frente de uma rede extensa de escolas espalhadas por todo o mundo. Desde 1999, ele residia na Pensilvânia, Estados Unidos, para onde se mudou por vontade própria.
O pregador, a quem o governo acusa de liderar um grupo “terrorista”, afirmava que se tratava apenas de uma rede de organizações de caridade e empresas.
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Antigo aliado de Erdogan, foi acusado de terrorismo desde que um escândalo de corrupção, orquestrado por juízes ligados à nebulosa gulenista, atingiu no final de 2013 pessoas próximas ao então primeiro-ministro. Por enquanto, não se sabe se o presidente permitirá que seus restos sejam repatriados para a Turquia.
Ancara o despojou da cidadania turca em 2017, quando Erdogan acusou o pregador do golpe de Estado fracassado de 15 de julho de 2016, que levou a centenas de milhares de prisões entre seus seguidores na Turquia. /AFP
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