Filho de presidente da Colômbia diz que dinheiro do tráfico financiou campanha do pai

Gustavo Petro negou as acusações e afirmou que nunca pediu que ‘seus filhos cometessem crimes’

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Por Redação

Filho mais velho do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, Nicolás Petro afirmou que a campanha do pai à Presidência recebeu dinheiro de um homem condenado por tráfico de drogas. Ele havia sido preso na semana passada, acusado de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.

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Em evento no departamento de Sucre, Gustavo Petro negou saber de atividades ilegais e afirmou nunca ter “pedido a seus filhos que cometessem crimes”. “Sou o primeiro presidente a dizer à justiça que julgue seu filho”, afirmou, segundo relato do jornal local El Tiempo.

A princípio, o primogênito do líder esquerdista havia negado todas as acusações contra ele. Ele depois mudou de tom, no entanto, afirmando que tinha decidido “iniciar um processo de colaboração”. A denúncia contra seu pai foi feita, assim, no âmbito de uma colaboração com o Ministério Público colombiano.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro discursa durante a instalação do Comitê de Participação Nacional em Bogotá Foto: Mauricio Dueñas Castañeda / EFE

Durante o processo judicial que enfrenta por lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, Nicolás revelou que destinou à campanha parte dos 400 milhões de pesos (102 mil dólares) que Samuel Lopesierra, extraditado por narcotráfico para os Estados Unidos em 2003 e em liberdade desde 2021, deu a ele no ano passado.

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Um filho de Alfonso “el turco” Hilsaca, negociante acusado no passado de financiar grupos paramilitares e planejar homicídios, também deu dinheiro a Nicolás Petro, segundo o procurador do caso, Mario Burgos. De acordo com a investigação, o filho mais velho do presidente ficou com uma parte do dinheiro, e a outra foi investida na campanha presidencial.

Preso desde sábado, o político, 37, inicialmente negou ontem as acusações contra ele, mas mudou de tom pouco depois e afirmou que iria colaborar com a Justiça.

Gustavo Petro não negou que sua campanha tenha recebido financiamento ilegal. Durante evento com camponeses em Sincelejo, o presidente colombiano apenas desmentiu supostas versões que apontam que ele tinha conhecimento dessas movimentações.

“O que nunca irá acontecer é que se afirme que o atual presidente do país tenha sequer sugerido ou sido cúmplice de que um de seus filhos ou filhas cometa um crime, porque isso não aconteceu. Se isso fosse verdade, este presidente teria que sair hoje”, declarou Petro.

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Segundo a imprensa local, o filho mais velho do presidente, que ficará em prisão domiciliar, tomou conhecimento de novas provas contra ele, motivo pelo qual decidiu confessar. Mario Burgos lhe havia oferecido assumir sua responsabilidade em troca de uma redução de 50% da pena.

Infidelidade e luxos

Após uma infidelidade, a ex-mulher de Nicolás Petro, Daysuris Vásquez, acusou o político de ter recebido grandes quantias em dinheiro para ter uma vida de luxo na cidade de Barranquilla, onde foi preso.

Daysuris, que também foi detida por lavagem de dinheiro e violação de dados pessoais, seguirá vinculada ao processo, mas irá se defender em liberdade. Durante a audiência, ela apareceu sorridente junto a Petro, que terá um filho com outra mulher.

Nicolás foi fundamental para as aspirações de seu pai na região da costa caribenha, historicamente contrária à esquerda, mas que catapultou Petro à presidência nas eleições de 2022.

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Nicolás Petro, filho do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, participa de uma audiência no tribunal junto da sua ex-esposa, Daysuris Vasquez  Foto: Justiça da Colômbia/ AFP

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O processo judicial contra Nicolás Petro começa às vésperas da comemoração do 7 de agosto, quando seu pai completa o primeiro ano no poder. No sábado, após a prisão de Nicolás em uma grande operação policial, Gustavo Petro afirmou que garantirá a independência da Justiça.

O ex-embaixador da Colômbia na Venezuela Armando Benedetti já havia ameaçado revelar supostas irregularidades no financiamento da campanha presidencial de Petro nos departamentos caribenhos. Em conversas vazadas pela imprensa com Laura Sarabia, ex-braço direito do presidente, Benedetti insinua um suposto envolvimento de Nicolás Petro.

“Sempre tive indícios muito graves do que estava acontecendo”, disse o ex-diplomata à revista “Semana” em junho, sem dar detalhes. Em 18 de julho, Laura compareceu perante o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e negou ter conhecimento do dinheiro da campanha, enquanto Benedetti não se apresentou, apesar de ter sido citado.

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