TRÍPOLI - Saif al-Islam, filho do falecido ditador líbio Muammar Kadafi, apresentou neste domingo, 14, sua candidatura oficial às eleições presidenciais previstas para dezembro, anunciou um funcionário da Comissão Eleitoral, ao mesmo tempo em que é procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por "crimes contra a humanidade".
Saif al Islam, que tinha paradeiro desconhecido, compareceu ao escritório da Comissão Eleitoral em Sabha, um dos três centros autorizados ao lado de Trípoli e Benghazi.
Vestido com uma túnica e um turbante de cor marrom, ele assinou os documentos ao lado de seu advogado.
"Ele apresentou os documentos de sua candidatura no escritório da Alta Comissão Eleitoral (HNEC) em Sabha, completando assim todas as condições legais exigidas pela Lei nº 1 sobre a eleição do chefe de Estado, aprovada pelo Parlamento", afirmou a comissão em um comunicado.
Saif al-Islam também recebeu o título eleitoral.
As eleições presidenciais, as primeiras do país, estão previstas para 24 de dezembro e as parlamentares para janeiro.
No fim de julho, o filho de Kadafi afirmou em uma entrevista ao jornal New York Times que não descartava retornar à vida política de seu país.
As eleições serão o ponto máximo de um difícil processo político patrocinado pelas Nações Unidas e devem encerrar uma década de caos, desde a queda do regime de Muammar Kadafi, assassinado em 2011 em uma revolta popular.
Também devem representar o ponto final dos combates entre dois grupos rivais que tentam controlar o país, um do oeste e outro da região leste.
Em junho de 2011, o TPI emitiu uma ordem de detenção contra Saif al Islam "por crimes contra a humanidade" cometidos durante a repressão da revolta na Líbia.
Ele foi detido no mesmo ano por um grupo armado em Zenten, no oeste do país. Foi condenado à morte quatro anos depois pelas autoridades judiciais de Trípoli. Mas o grupo se negou a entregá-lo até 2017.
O grupo, no entanto, nunca confirmou sua libertação e seu rastro foi perdido. O TPI anunciou que Saif al-Islam havia sido localizado em Zenten no fim de 2019.
"A situação de Saif al Islam Kadafi no TPI não mudou. De acordo com a notificação publicada em 2011, ele continua sendo procurado", afirmou Fadi Abdallah, porta-voz do tribunal, ao canal Al-Ahrar.
Para a comunidade internacional, a celebração das eleições é essencial para um processo de paz no país, que tem as maiores reservas de petróleo da África.
Mas as eleições permanecem incertas, com um aumento das tensões entre os grupos rivais. Após a confirmação da candidatura de Saif al Isla permanecem as dúvidas sobre os nomes do marechal Khalifa Haftar, homem forte da região leste da Líbia, e do primeiro-ministro Abdelhamid Dbeibah, que liderou o governo de transição. /AFP
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