Autoridades da Finlândia detiveram nesta quinta-feira, 26, um navio possivelmente ligado à Rússia em meio as investigações sobre o suposto envolvimento da embarcação em uma operação de sabotagem que, na véspera, danificou um cabo submarino de eletricidade que conecta o país com a Estônia.
A polícia finlandesa e os guardas de fronteira abordaram o navio, o Eagle S, na manhã desta quinta-feira. “Registramos o barco, conversamos com a tripulação e coletamos provas”, anunciou Robin Lardot, da agência nacional finlandesa de investigação. O navio estava sendo mantido em águas territoriais finlandesas, disse a polícia.
As autoridades suspeitam que o petroleiro, que navega sob a bandeira das Ilhas Cook, faça parte de uma “frota fantasma” de navios que ajudam a Rússia a contornar as sanções ao seu setor de petróleo. O navio transportava “gasolina sem chumbo carregada em um porto russo”, precisou Sami Rakshit, diretor geral da alfândega finlandesa, em uma coletiva de imprensa.
Na quarta-feira, 25, por volta das 12h26 locais (7h26 de Brasília), o fluxo de corrente contínua EstLink 2, entre a Finlândia e a Estônia, foi desconectado. Rapidamente, as suspeitas se concentraram no Eagle S, que navegava pelo Mar Báltico em direção a Port Said, no Egito, e que havia partido do porto russo de São Petersburgo, conforme mostra o site de rastreamento de navios Marine Traffic.
Foi aberta uma investigação sobre o incidente, e a interrupção foi localizada no cabo nesta quinta pelos operadores finlandeses (Fingrid) e estonianos (Elering).
O governo estoniano se reuniu em sessão de emergência sobre o incidente. Os petroleiros sombra “estão ajudando a Rússia a ganhar fundos que ajudarão os ataques híbridos russos”, disse a primeira-ministra Kristen Michal em uma entrevista coletiva. “Precisamos melhorar o monitoramento e a proteção da infraestrutura crítica tanto em terra quanto no mar.”
“Danos repetidos à infraestrutura do Mar Báltico sinalizam uma ameaça sistêmica, não meros acidentes”, disse o presidente da Estônia, Alar Karis, no X. “A Estônia tomará medidas para combater essa ameaça, junto com a Finlândia e outros aliados da Otan.”
Dois cabos de dados — um entre a Finlândia e a Alemanha e o outro entre a Lituânia e a Suécia — foram cortados em novembro. O ministro da defesa da Alemanha disse que as autoridades tiveram que assumir que o incidente foi “sabotagem”, mas ele não forneceu evidências ou disse quem pode ter sido o responsável. A observação foi feita durante um discurso no qual ele discutiu ameaças de guerra híbrida da Rússia.
Uma hipótese semelhante foi levantada em novembro de 2023, após danos causados a um gasoduto submarino entre Finlândia e Estônia. De acordo com a investigação da polícia finlandesa na época, a âncora do porta-contêineres NewNew Polar Bear, que navegava sob a bandeira de Hong Kong, havia causado esses danos./AFP e AP.
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