DAMASCO - Forças de elite israelenses realizaram o ataque que destruiu uma instalação para produção de mísseis do Hezbollah, na Síria, perto da fronteira com o Líbano. A operação ocorreu no fim de semana e a rara incursão terrestre foi confirmada por autoridades americanas ao The New York Times em reportagem publicada nesta quinta-feira, 12.
Além dos bombardeios aéreos, a operação de domingo contou com uma ousada incursão de forças especiais israelenses, que desceram de helicópteros por cordas, disseram as autoridades americanas. Essas tropas de elite foram empregadas pela complexidade da missão, e também para colher informações do Centro de Estudos e Pesquisas Científicas, associado à produção de armas.
A imprensa síria relatou ainda no começo da semana os ataques israelenses que atingiram a instalação, perto de Masyaf, e deixaram 18 mortos. A novidade agora é a incursão das forças de elite — a primeira em anos contra alvos associados ao Irã na Síria.
Antes dos ataques, o país notificou altos funcionários dos Estados Unidos, seu principal aliado. No domingo, o chefe do Comando Central americano, general Michael E. Kurilla, visitou uma sala de guerra subterrânea das Forças de Defesa de Israel (IDF da sigla em inglês), onde os planos operacionais para o Líbano foram apresentados, de acordo com o IDF.
Especialistas independentes, autoridades israelenses e o governo dos EUA descreveram o instituto na Síria como um centro de pesquisa e desenvolvimento de armas, apoiado pelo Irã. Armas químicas, biológicas e potencialmente nucleares são desenvolvidas lá, assim como mísseis usados pelo Hezbollah, que tem trocado disparos com Israel a partir da fronteira do Líbano.
A instalação estava fabricando mísseis de precisão para o Hezbollah, o que, segundo alguns analistas governamentais, permitiria ao grupo atacar alvos mais precisos no norte de Israel.
O diretor dos programas de Síria e contraterrorismo do Middle East Institute, Charles Lister, deu mais detalhes sobre a operação no Syria Weekly.
Ele disse que a rodada inicial de ataques aéreos israelenses destruiu pelo menos quatro posições militares sírias ao redor de Masyaf, incluindo um local de defesa aérea. A segunda rodada atingiu um prédio no complexo que se conecta a túneis subterrâneos. Na terceira, os helicópteros cruzaram o espaço aéreo sírio e desembarcaram várias dezenas de membros das unidades de elite israelenses nos arredores dos bunkers. À medida que os soldados avançavam, drones atacaram tropas sírias que corriam para o local.
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As autoridades informadas sobre a operação disseram que o objetivo principal do ataque terrestre era destruir a instalação, o que não poderia ter sido feito apenas com um ataque aéreo. Um importante objetivo secundário, segundo as autoridades, era coletar informações sobre o desenvolvimento de armas do Hezbollah.
Lister disse que as instalações em Masyaf e na cidade vizinha de Mahruseh foram centrais para o desenvolvimento de mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro, bombas de barril e munições termobáricas, armas com misturas explosivas especiais tipicamente usadas para destruir edifícios e túneis.
No passado, Israel atacou Masyaf várias vezes e assassinou um cientista sírio que trabalhava no centro de pesquisa desenvolvendo munições de precisão guiadas. Os ataques deste domingo, no entanto, foram um dos mais mortais na Síria em meses, com 18 mortos e 37 feridos. Estradas e infraestruturas de água, energia e telecomunicações foram danificadas./NY TIMES
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