Forças venezuelanas fazem cerco na embaixada argentina em Caracas, que está sob proteção do Brasil

Ao ‘Estadão’, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil informou que não foi notificado oficialmente pelo regime venezuelano sobre suposta revogação de proteção

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Foto do author Isabel Gomes
Atualização:

Forças de segurança venezuelanas cercaram a embaixada diplomática da Argentina na Venezuela, na noite desta sexta-feira, 6, em um aparente movimento de revogação da autorização da custódia brasileira sobre a sede, denunciaram opositores do regime chavista. A embaixada brasileira em Caracas assumiu a custódia da sede diplomática no início de agosto, após Nicolás Maduro expulsar os diplomatas argentinos do país. O Ministério de Relações Exteriores do Brasil informou que não foi notificado oficialmente pelo regime venezuelano sobre o movimento.

Pedro Urruchurtu Noselli, coordenador internacional da líder da oposição María Corina Machado, relatou nas redes sociais que patrulhas e funcionários encapuzados e armados do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), a principal agência de inteligência na Venezuela, e da Direção de Ações Estratégicas e Táticas (Daet), cercaram a sede diplomática, que é protegida pelo direito internacional.

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“São nove e trinta e cinco minutos da noite, você vê o grande grupo de agentes de segurança que atualmente cerca a sede da Embaixada da Argentina em Caracas, que está sob custódia do governo do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva”, diz Urruchurtu Noselli em um vídeo.

Também há denúncias de corte do serviço elétrico da Embaixada da Argentina.

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Seis opositores da equipe de Corina Machado, incluindo Urruchurtu Noselli, estão asilados na representação diplomática argentina desde o dia 20 de março. Ao assumir a custódia da sede diplomática, a embaixada brasileira também assumiu a proteção dos opositores, a integridade física do prédio e dos documentos, além de poder atuar de dentro da embaixada.

Bandeira brasileira foi hasteada na Embaixada da Argentina em Caracas no início de agosto, quando embaixada brasileira assumiu proteção da sede diplomática. Foto: Matias Delacroix/AP

Em julho, asilados vinham denunciando um cerco por parte da polícia bolivariana às instalações do prédio. Também houve cortes de luz e água, segundo informou a oposição.

Caracas rompeu as relações diplomáticas com a Argentina, bem como com outros seis países latinos, “em rejeição às ações e declarações intervencionistas” desses governos após a autoridade eleitoral venezuelana proclamar a reeleição de Maduro.

Itamaraty não foi notificado

Ao Estadão, o Ministério das Relações Exteriores informou que ainda não foi oficialmente notificado sobre a decisão de revogação de Caracas. “Não podem revogar unilateralmente e deixar um vazio”, declarou a assessoria da pasta ao Estadão. “Se querem revogar, tem que definir um substituto, que seja aceito pela Argentina, não existe hipótese de vácuo.”

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A ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, confirmou para a jornalista venezuelana Carla Angola que Maduro revogou a autorização para o Brasil e declarou que a Sebin cercou o local “com o objetivo de entrar e violar todas as regulamentações internacionais”.

“Este é um apelo a toda a comunidade internacional, a todos os venezuelanos, para resistirem a esta brutalidade do regime absolutamente autoritário e ditatorial de Maduro. Nós, argentinos, estamos absolutamente determinados a não deixar que haja uma interferência em nossa embaixada”, declarou a ministra argentina.

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