O Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou à Justiça na noite desta terça-feira, 30, novos documentos sobre a operação que investiga como o ex-presidente Donald Trump escondeu centenas de documentos confidenciais, retirados da Casa Branca no fim do mandato. Em um dos arquivos, há uma foto que mostra os documentos com marcações secretas e ultrassecretas dispostos em um tapete da residência do ex-presidente.
A foto não exibe nenhum detalhe do assunto dos documentos, mas foi apresentada como uma prova dos arquivos levados por Trump para uma de suas residências particulares. Nesta quarta-feira, o ex-presidente acusou o FBI de jogar “os documentos ao acaso por todo o chão (talvez fingindo que fui eu quem fez isso!)”.
O Departamento de Justiça dos EUA não quis comentar os detalhes da fotografia, mas é prática padrão do FBI tirar fotos comprobatórias de materiais recuperados em uma operação de busca para garantir que os itens sejam devidamente catalogados e contabilizados. Segundo o jornal americano The New York Times, é provável que os itens tenham sido dispostos no chão pelos agentes para serem catalogados com uma classificação comum – fato indicado pelo papel dobrado com a marcação “2A”.
Um aspecto importante revelado pela imagem, como o Departamento de Justiça apontou na terça-feira, é que nenhuma das pastas apreendidas possui etiqueta ou carimbo que indique que Trump as desclassificou como secretas ou ultrassecretas, como ele afirmou repetidamente ao ser questionado sobre retirar os materiais da Casa Branca e levar para uma de suas casas.
O restante dos arquivos entregues pelo Departamento de Justiça dizem que os assessores do ex-presidente mentiram em junho, dois meses antes da operação de busca, ao afirmar que tinham devolvido todo o material levado. Além disso, os agentes federais acrescentam que os documentos foram “provavelmente escondidos e removidos” de um depósito da propriedade em Mar-a-Lago em uma ocasião anterior à operação de busca, sugerindo obstrução da investigação federal sobre a descoberta dos arquivos.
Segundo o que foi apresentado, mais de 100 registros confidenciais foram apreendidos pela operação do FBI no dia 8 de agosto – o dobro de documentos alegados e entregues voluntariamente pelos advogados do ex-presidente antes da apreensão.
Embora contenha novos detalhes significativos sobre a investigação, o arquivamento do Departamento de Justiça não resolve uma questão central da investigação: por que Donald Trump manteve os documentos depois de deixar a Casa Branca e por que ele e sua equipe se esforçaram para não devolvê-los.
Em um dos trechos, os agentes federais citam que, dois meses antes da operação de busca e apreensão, os assessores do ex-presidente “não ofereceram nenhuma explicação sobre por que as caixas de registros do governo, incluindo 38 documentos com marcações de classificação, permaneceram nas instalações quase um ano e meio após o fim do governo”.
Essas declarações teriam sido dadas durante uma visita, que ocorreu semanas depois do Departamento de Justiça emitir uma intimação para os registros, e recebem atenção substancial no documento – sugerindo que se trata de um foco principal na investigação.
Entretanto, não se espera que os funcionários do Departamento de Justiça apresentem acusações iminentes, se o fizerem. Além disso, o conteúdo específico dos materiais que o governo recuperou na busca permanece incerto – assim como o grau de risco para a segurança dos EUA implícito na decisão do ex-presidente de reter os materiais apresentados. /NYT, AP
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