França: campanha arrecada US$ 1,5 mi para policial que matou adolescente

Uma arrecadação para ajudar a mãe do jovem, que foi morto durante abordagem de trânsito em Paris, havia arrecadado pouco mais de US$ 200 mil até segunda-feira

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Por Niha Masih

Uma arrecadação de fundos para a família do policial que matou um adolescente de 17 anos na França somou mais de US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 7,19 mi) até terça-feira, 4, provocando uma nova onda de indignação no País após dias de protestos violentos. A campanha GoFundMe pretendia coletar cerca de US$ 54 mil (R$ 258 mil) para a família do policial, mas em quatro dias arrecadou muito mais que esse valor, com doações de mais de 46 mil pessoas.

Em paralelo, uma arrecadação similar para ajudar a mãe da vítima – um adolescente de ascendência norte-africana, identificado como Nahel M., que foi morto durante uma abordagem de trânsito em um subúrbio de Paris na semana passada – havia arrecadado pouco mais de US$ 200 mil (R$ 958 mil) até segunda-feira, 3, segundo o Le Monde. A morte do menino despertou uma onda de protestos violentos em toda a França, expondo profundas divisões no País. O caso reacendeu um debate acirrado sobre raça, identidade e violência policial.

Nahel, 17, foi morto durante uma abordagem de trânsito em Paris na semana passada. Homicídio despertou onda de protestos na França.  Foto: AP Photo/Michel Euler, File

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A campanha GoFundMe para a família do policial foi organizada por Jean Messiha, que anteriormente atuou como porta-voz do ex-candidato presidencial de extrema-direita Éric Zemmour e expressou apoio à aplicação da lei e ao policial, que está sendo investigado sob a acusação de homicídio doloso.

A arrecadação rapidamente foi criticada por diversos legisladores e ativistas, que pediram para encerrá-la imediatamente. O parlamentar Éric Bothorel, membro do partido de centro do presidente francês Emmanuel Macron, descreveu-a como “indecente e escandalosa”, enquanto a legisladora de extrema esquerda Mathilde Panot pediu que a página do GoFundMe fosse excluída. “Matar um jovem norte-africano, na França em 2023, pode render muito dinheiro”, disse ela no Twitter. Olivier Faure, do Partido Socialista, também pediu ao GoFundMe que fechasse a página, dizendo que estava facilitando uma ação “vergonhosa”.

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O Sleeping Giants, um grupo ativista que luta contra o ódio online pressionando empresas a remover anúncios de meios de comunicação conservadores, questionou o GoFundMe se a arrecadação violou os termos da plataforma. Coletar dinheiro para defesa legal de supostos “crimes financeiros e violentos” não é permitido no GoFundMe, de acordo com os termos.

Manifestantes lançaram fogos de artifício contra os policiais em protestos contra a morte de adolescente.  Foto: AP Photo/Aurelien Morissard, File

No Twitter, o Sleeping Giants perguntou à empresa como ela garantiria que o dinheiro não fosse usado para esse fim. A plataforma globalmente popular de crowdfunding com fins lucrativos disse que o fundo para a família do oficial francês não violava suas políticas.

“Essa arrecadação de fundos está dentro de nossos termos de serviço, pois os fundos serão utilizados para sustentar a família do policial”, escreveu um porta-voz da empresa em um e-mail, acrescentando que o dinheiro será transferido diretamente para a família, listada como beneficiária.

Milhares de policiais foram mobilizados em resposta aos violentos protestos que explodiram após o assassinato do jovem de 17 anos pela polícia. Prefeituras, escolas e veículos foram alvejados e incendiados, e os manifestantes lançaram fogos de artifício contra os policiais. No fim de semana, as autoridades acusaram manifestantes de atacar a casa do prefeito com um carro em chamas, enquanto autoridades em Pequim disseram que um ônibus que transportava turistas chineses foi atacado durante os protestos, resultando em vários feridos.

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No domingo, a avó do adolescente assassinado pediu calma e o fim do tumulto “Meu coração dói”, disse ela à Reuters, quando questionada sobre a campanha de arrecadação de fundos para o policial envolvido no tiroteio./Washington Post.

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