França declara emergência, suspende TikTok e manda tropas a Nova Caledônia após protestos violentos

Confrontos, incêndios e saques deixaram cinco mortos e centenas de feridos no território ultramarino; manifestações são contra reforma eleitoral que, para os críticos, tira poder dos povos originários

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Por Redação
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NOUMÉA - A França anunciou o envio de tropas para a Nova Caledônia, território ultramarino no Pacífico que está em emergência para protestos violentos, incêndios criminosos e saques. Cinco pessoas morreram e centenas ficaram feridas. A revolta foi desencadeada pelo avanço da reforma eleitoral que, segundo os críticos, reduziria a influência dos povos originários.

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A península está em regime de exceção, com toque de recolher e proibição do TikTok que, segundo o governo, tem sido usado para disseminar vídeos que incentivam a desordem. Diante da crise, que descreveu como tensa, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, anunciou o envio do Exército, para reforçar a segurança de portos e aeroportos, e de mil policiais.

“Tudo está sendo feito para restaurar a ordem e a calma”, disse Attal depois de uma reunião no Palácio do Eliseu, em Paris. “A situação permanece muito tensa, com saques, desordem, incêndios criminosos e ataques”, relatou.

Guardas civis, policiais e militares embarcam em avião da Força Aérea da França após a declaração de emergência na Nova Caledônia. Foto: Manon Cruz/Reuters

Dois guardas militares estão entre os mortos em meio aos confrontos. Um deles, de 45 anos, foi vítima do disparo acidental de um colega nesta quinta.

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O presidente Emmanuel Macron denunciou a violência e defendeu o diálogo político, mas a videoconferência que propôs para discutir a crise com deputados do território não ocorreu. “As diferentes partes não querem conversar entre si no momento”, disse a Presidência, acrescentando que. Macron vai falar com os deputados separadamente.

O ministro do Interior e Territórios Ultramarinos, Gerald Darmanin, culpou o movimento pró-independência e apontou também para o Azerbaijão. O país critica a França pelo apoio à Armênia no conflito Nagorno-Karabakh e mantém uma cooperação com a Nova Caledônia.

O Conselho do Povo Indígena Kanak condenou a violência, mas rejeitou a alegação que o grupo pró-independência fosse responsável e reiterou o apoio ao movimento, que tem mobilizado protestos na ilha nos últimos meses. “Não é um grupo terrorista como certos líderes políticos querem fazer acreditar”, disse o chefe Hippolyte Sinewami-Htamumu em comunicado nesta quinta.

Homem em frente a carro incendiado na capital Noumea.  Foto: Nicolas Job/Associated Press
Loja de carros incendiada durante os confrontos na Nova Caledônia.  Foto: Cedric Jacquot/Associated Press

Causa dos protestos

Os protestos começaram enquanto o Parlamento francês debatia a emenda à Constituição que pretende mudar o censo eleitoral na Nova Caledônia para permitir que as pessoas que vivem na ilha há dez anos possam participar das eleições regionais. Atualmente, apenas os eleitores registrados em 1998 e seus descendentes podem votar.

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Os críticos, incluindo o movimento pela independência, argumentam que a medida beneficiaria os políticos pró-França e e reduziria a influência do povo originário Kanak. Apesar da resistência, o texto foi aprovado na quarta pela Assembleia Nacional e segue para o Senado.

Nova Caledônia e França

A ilha localizada no Oceano Pacífico, ao leste da Austrália, tem cerca de 270 mil habitantes e está sob domínio da França desde o império de Napoleão III, sobrinho e herdeiro de Napoleão Bonaparte, no século 19. Depois da 2ª Guerra Mundial, passou de colônia para território ultramarino e todos os indígenas kanaks receberam cidadania francesa.

Mais tarde, Paris prometeu conceder poder político à Nova Caledônia e realizar três referendos sobre o futuro da ilha, que ocorreram entre 2018 e 2021, com a maioria dos eleitores votando pela permanência como parte da França. A última votação foi marcada pelo boicote do movimento pela independência. Eles haviam pedido o adiamento da votação por causa da pandemia e ficaram irritados com o que consideraram um esforços do governo francês para influenciar a campanha./COM AFP

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