França deseja liderar força de paz da ONU até Fevereiro

Um dos principais negociadores do cessar-fogo, país espera a definição de um mandato mais específico para iniciar o envio das tropas

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Por Agencia Estado
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A França deseja continuar a liderar a força de paz da ONU no Líbano até no mínimo fevereiro, informou nesta quarta-feira a ministra da Defesa francesa, Michele Alliot-Marie. Ainda assim, Alliot-Marie sublinhou que a França quer saber mais detalhes sobre o novo mandato das forças de paz, conhecida como Unifil, antes de decidir quantos soldados enviar para a região. Segundo ela, as forças de paz devem ter recursos suficientes e uma missão definida, caso contrário a situação pode se tornar catastrófica. Atualmente, os 2 mil homens da Unifil que já se encontram no país são comandados por um general francês, mas com a aprovação da resolução de cessar-fogo da ONU, novos ajustes deverão ser feitos. Em entrevista ao canal France-2, Alliot-Marie disse que o novo mandato da Unifil anda está confuso. "Quando você envia uma força sem ter uma missão clara e com recursos inadequados, isso pode se tornar uma catástrofe, inclusive para os nossos soldados", disse. Espera-se que as forças de paz cresçam dos atuais 2 mil para 15 mil homens, segundo a resolução de cessar-fogo da ONU. Mais 15 mil soldados libaneses irão reforçar as tropas da ONU. Segundo uma determinação do governo libanês aprovada nesta quarta-feira, o envio desse contingente deve começar já na quinta-feira, com o deslocamento das primeiras unidades para a margem sul do Rio Litani, a 30 quilômetros da fronteira israelense. A medida tem por objetivo acelerar o envio das forças de paz da ONU e, conseqüentemente, ampliar a retirada das forças israelenses da região. Mais cedo nesta quarta-feira, o chefe do Estado Maior de Israel, general Dan Halutz, disse que as forças israelenses não deixarão o Líbano até que uma força multinacional ocupe o sul do país, "mesmo que (isso) demore meses". Todos os meios necessários Segundo a resolução aprovada na sexta-feira, a Unifil poderá "usar todos os meios necessários para garantir que sua área de operação não seja usada para atividades hostis de qualquer tipo". A França, no entanto, espera a criação de um mandato mais específico para iniciar o envio de pessoal para a região. Um dos pontos que não está claro, destacou o ministério da Defesa francês, é uma definição sobre quando o poder de fogo das forças de paz poderá ser usado. Segundo diplomatas da ONU, a indefinição francesa em anunciar o número de soldados que serão enviados para a região está atrasando uma decisão semelhante de outros países. Itália, Turquia, Malásia e Indonésia já indicaram que pretendem contribuir significativamente com as forças de paz. Um frágil cessar-fogo foi estabelecido na segunda-feira, pondo fim a mais de um mês de combates. Na terça-feira, as tropas israelenses iniciaram uma lenta retirada da região. Centenas de pessoas, entre libaneses e israelenses, morreram vítimas dos enfrentamentos entre Israel e o Hezbollah, e centenas de milhares de libaneses tiveram que deixar suas casas. A França, ao lado dos EUA, teve um papel fundamental na aprovação da resolução de cessar-fogo pelo Conselho de Segurança. O ministro de Exteriores francês, Philippe Douste-Blazy, estava no Líbano nesta quarta-feira para discutir o estabelecimento das forças de paz na região. Esta foi sua quarta viagem ao Líbano desde o início dos embates, no dia 12 de julho.

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