PARIS - A Polícia de Paris disparou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar um protesto espontâneo e não planejado que reuniu cerca de 7 mil pessoas contra a reforma da previdência do presidente Emmanuel Macron, segundo jornais locais.
Em uma medida polêmica, o líder invocou nesta quinta-feira, 16, um artigo da Constituição francesa que lhe permitirá aprovar o aumento da idade para a aposentadoria no país sem a aprovação do Parlamento.
Os novos protestos eclodiram depois que a primeira-ministra da França, Elisabeth Borne, usou um procedimento especial para aprovar o impopular projeto de lei na Assembleia Nacional sem votação.
A nova mobilização em Paris reuniu cerca de 7 mil pessoas começou à tarde e continuou pela noite no Place de la Concorde, às margens do Rio Sena, saindo do Parlamento. “A sombra da guilhotina chegou”, cantavam os manifestantes.
A polícia disparou gás lacrimogêneo e avançou na tentativa de dispersar a multidão, enquanto alguns manifestantes jogavam pedras contra os agentes. Segundo o Le Monde, pelo menos oito pessoas foram presas, mas a situação já havia se tranquilizado. No balanço do dia, foram 120 prisões ao todo.
Em várias outras cidades francesas, incluindo Marselha, também houve protestos espontâneos contra a reforma. Os sindicatos franceses convocaram outro dia de greves e ações contra a reforma na quinta-feira, 23 de março.
O governo minoritário de Borne não conseguiu o apoio necessário do partido conservador de oposição Os Republicanos.
A medida acionada garantirá que o projeto de lei que eleva a idade de aposentadoria em dois anos, para 64 anos - que o governo diz ser essencial para garantir que o sistema previdenciário não quebre - seja adotado após semanas de protestos e debates turbulentos.
Mas também mostra que o presidente Macron e seu governo não conseguiram obter a maioria no Parlamento, um golpe para o líder de centro e sua capacidade de obter apoio de outros partidos para novas reformas.
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