Fumaça de incêndios florestais no Canadá cruza o oceano, atinge a Noruega e ainda afeta os EUA

Antes, partículas já tinham chegado à Groenlândia e à Islândia; névoa deve continuar avançando pela Europa

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Por Redação

A fumaça dos incêndios florestais que assolam o Canadá cruzou o Atlântico e chegou à Noruega, informou o Instituto Norueguês de Pesquisa Climática e Ambiental nesta sexta, 9.

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Partículas da fumaça foram detectadas, ainda que em concentração baixa, na estação de Birkenes, no sul do país, segundo Nikolaos Evangeliou, pesquisador do instituto, à agência de notícias AFP. “Mas não vemos um problema ambiental [na Noruega] ou um sério risco à saúde”, afirmou o cientista, acrescentando que os números no território variam de acordo com as chuvas e a orientação dos ventos.

Antes da Noruega, a fumaça já havia chegado à Groenlândia e à Islândia, segundo o jornal The New York Times. As projeções indicam que uma névoa fraca continuará avançando pela Europa nos próximos dias.

No Canadá, as autoridades consideram que o número de hectares queimados nesta época do ano é excepcional. O país já registrou mais de 2.300 focos de incêndios, que atingiram 3,8 milhões de hectares, números bem acima da média das últimas décadas. Os incêndios se espalham nesta sexta-feira na província da Colúmbia Britânica, no oeste canadense, enquanto centenas de focos persistem do outro lado do país, em Québec, cuja fumaça estacionou sobre cidades americanas.

Incêndio florestal na Colúmbia Britânica, no Canadá  Foto: Handout / BC Wildfire Service / AFP

O episódio de estranha poluição atmosférica tem consequências concretas na vida da população.

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Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, a EPA, mais de 111 milhões de pessoas foram afetadas por alertas de qualidade do ar em grande parte do nordeste dos Estados Unidos.

As chamas destruíram cerca de 900.000 hectares de floresta na província canadense de Quebec desde o início deste ano, segundo a Sociedade para a Proteção das Florestas Contra Incêndios (SOPFEU). Sua fumaça é levada para o sul devido às condições climáticas, mas também para o leste, mesmo a milhares de quilômetros de distância.

Concentrações “muito baixas” de partículas de fumaça foram registradas desde segunda-feira, especialmente na estação de Birkenes, no sul da Noruega, disse à AFP o pesquisador Nikolaos Evangeliou, do Instituto Norueguês de Pesquisa Climática e Ambiental (NILU).

No entanto, as medições variam e “não vemos um pico grave ou um aumento significativo (...). Portanto, não vemos um problema ambiental ou um risco sanitário grave” neste país, disse o pesquisador.

Estátua da Liberdade, um dos principais pontos turísticos de Nova York, coberta pela névoa causada pelos incêndios florestais do Canadá. Foto: REUTERS/Amr Alfiky

Em Washington, a situação na quinta-feira foi ainda pior do que no dia anterior.

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Um evento para comemorar o mês do orgulho LGBTQIAP+, que aconteceria na noite de quinta-feira em frente à Casa Branca, foi adiado, assim como um jogo profissional de beisebol.

“Nunca vi nada assim”

A preocupação com os efeitos na saúde refere-se principalmente a pessoas vulneráveis, como crianças, idosos ou pessoas com problemas cardíacos ou respiratórios.

Os atendimentos de emergência relacionados a ataques de asma aumentaram na cidade de Nova York, disse um porta-voz do Departamento de Saúde da cidade. Mas esse aumento de “algumas centenas” de pacientes não sobrecarrega os serviços.

Imagens impressionantes de Nova York banhadas em luz laranja circularam na quarta-feira, embora o céu tenha clareado no dia seguinte.

“Nunca vi nada assim”, disse Linda Juliano à AFP ao aceitar uma das milhões de máscaras distribuídas aos nova-iorquinos.

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“Lembrou-me muito do 11 de setembro, ver o céu cheio de fumaça”, disse esta mulher de 65 anos, descrevendo a poluição sépia como “aterrorizante”.

O zoológico de Washington, assim como os do Bronx e do Central Park, foram fechados, e os alunos das escolas públicas de Nova York terão aulas remotas nesta sexta-feira.

Nos aeroportos de Nova York (LaGuardia, Newark) e Filadélfia, os voos sofreram atrasos devido à baixa visibilidade, informou a Agência de Aviação Civil, a FAA.

Na quarta-feira, 7, arranha-céus de Nova York ainda amanheceram cobertos pela fumaça. Foto: REUTERS/Amr Alfiky

Risco “extremo”

Os incêndios no Canadá, agora concentrados em Quebec, queimaram quase 3,8 milhões de hectares este ano.

Desde janeiro, foi registrado o dobro de novos focos do que a média desse período nos últimos 10 anos.

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Quebec relatou mais de 150 incêndios ativos na quinta-feira, quase 90 deles fora de controle. Mais de 12.000 pessoas foram resgatadas.

As autoridades esperam mais reforços dos Estados Unidos, França e Portugal nas próximas horas e dias.

Desde o início do ano, Canadá registrou mais de 2,2 mil incêndios florestais. Atualmente, a província de Quebec é o epicentro dos fenômenos.  Foto: Alberta Wildfire/Handout via REUTERS

A situação continua preocupante em muitas regiões, disse Stephane Caron da SOPFEU.

“Estamos apenas no início da temporada de incêndios. Estamos entrando no período em que os incêndios maiores geralmente começam a ocorrer em Quebec”, afirmou.

As autoridades do oeste de Quebec classificam o risco de novos focos de incêndio como “extremo”. Esses incêndios são de alta intensidade e se espalham rapidamente, tornando muito difícil para os bombeiros detê-los, acrescentaram. / AFP.

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