O Beryl se desenvolveu em um furacão de categoria 4 no domingo, 30. Apesar da classificação já ter sido rebaixada nesta segunda-feira, 1º, o furacão bateu o recorde de mais precoce na temporada que alcançou tal força. Meteorologistas alertam que o furacão continuará a se intensificar enquanto segue para o oeste, em direção ao Mar do Caribe.
Antes de Beryl, o furacão de categoria 4 mais precoce registrado foi o furacão Dennis em 8 de julho de 2005. Primeiro furacão da temporada de 2024, Beryl deve trazer “ventos e marés de tempestade ameaçadores” às Ilhas de Barlavento, sudeste de Porto Rico e norte da Venezuela, disse o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos no domingo, 30. Pela tarde, os ventos sustentados alcançavam cerca de 209 km/h, tornando o furacão de categoria 4 “extremamente perigoso”.
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Um alerta de furacão foi emitido para Barbados, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Granada e a ilha de Tobago. A ilha de Martinica estava sob alerta de tempestade tropical, enquanto Dominica, a ilha de Trinidad e partes da República Dominicana e do Haiti estavam sob observação de tempestade tropical. Ventos e marés de tempestade ameaçadores eram esperados nas Ilhas de Barlavento a partir do início da segunda-feira, disse o Centro Nacional de Furacões na manhã de domingo.
Furacões no oceano Atlântico são agora duas vezes mais propensos a crescer de uma tempestade fraca para um furacão de categoria 3 ou superior em apenas 24 horas, segundo um estudo publicado no ano passado. Ventos devastadores de Beryl ocorrerão onde a parede do olho – a área que circunda o olho de um furacão – raspa as ilhas. Nas elevações mais altas das colinas e montanhas das ilhas, os ventos podem ser ainda mais fortes.
Beryl é o terceiro furacão mais precoce a se formar no Atlântico, de acordo com Philip Klotzbach, especialista em previsões sazonais de furacões na Universidade Estadual do Colorado. Os únicos furacões que se formaram mais cedo em um ano calendário foram Alma em 8 de junho de 1966 e Audrey em 27 de junho de 1957. Ambos atingiram a costa dos EUA no Golfo do México: Alma perto de St. Marks, Flórida, e Audrey perto de Port Arthur, Texas.
Beryl se tornou uma tempestade tropical na noite de sexta-feira quando seus ventos sustentados alcançaram 62km/h. Com 119km/h, uma tempestade se torna um furacão.
Países se preparam para Beryl
A primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, se dirigiu à nação na noite de domingo para fornecer uma atualização sobre Beryl. Ela disse que o furacão deveria passar cerca de 124 quilômetros ao sul da ilha, trazendo fortes ventos de tempestade tropical e a possibilidade de rajadas atingindo força de furacão.
Ela observou que abrigos em todo o país estavam abertos e se preparando para aqueles que buscassem refúgio da tempestade. “Algumas centenas” de pessoas já haviam chegado aos 33 abrigos oficiais em toda a ilha, disse ela.
Dickson Mitchell, primeiro-ministro de Granada, disse que o país estaria sob estado de emergência a partir das 19h de domingo. Exceto para policiais e trabalhadores essenciais, “todos devem estar em suas casas ou em um abrigo”, disse ele.
Em um discurso nacional no domingo, Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, pediu aos residentes que levassem a tempestade a sério, dizendo que muitos edifícios poderiam perder seus telhados. O primeiro-ministro ordenou que, a partir das 19h de domingo, as pessoas permanecessem onde estavam. Abrigos de emergência foram programados para abrir às 18h de domingo.
Em Santa Lúcia, o primeiro-ministro Philip J. Pierre anunciou um fechamento nacional às 20h30 de domingo, com escolas e negócios permanecendo fechados na segunda-feira.
Temporada de furacões deve ser movimentada
Os meteorologistas alertaram que a temporada de furacões no Atlântico de 2024 pode ser muito mais ativa do que o usual. No final de maio, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica previu de 17 a 25 tempestades nomeadas este ano, um número “acima do normal” e uma previsão alinhada com mais de uma dúzia de previsões anteriores no ano de especialistas em universidades, empresas privadas e agências governamentais. As temporadas de furacões produzem 14 tempestades nomeadas, em média.
As previsões sazonais de furacões foram notavelmente agressivas porque os meteorologistas observaram, no início da temporada, uma combinação de circunstâncias que não existiam nos registros desde meados de 1800: temperaturas recorde da água no Oceano Atlântico e a potencial formação do padrão climático conhecido como La Niña.
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