HAMBURGO, ALEMANHA - As potências mundiais alinharam-se neste sábado, 8, contra o presidente americano, Donald Trump, reafirmando seu apoio aos esforços internacionais para combater o aquecimento global. A cúpula do G-20, que terminou hoje na cidade alemã de Hamburgo, também destacou as tensões sobre a questão do comércio.
O governo americano e alguns parceiros internacionais chegaram a um acordo que apoia a abertura de mercados, mas reconhece que os países têm direito de impor barreiras para bloquear práticas desonestas.
As autoridades disseram que os assessores trabalharam até a madrugada para finalizar um comunicado, superando as diferenças no comércio depois que os membros dos EUA concordaram com a linguagem sobre a luta contra o protecionismo.
A declaração final do acordo deixou claro que a União Europeia e outros países apoiam por unanimidade o Acordo de Paris, do qual Trump anunciou a saída dos EUA. Eles disseram que o acordo para reduzir os gases de efeito estufa é irreversível e prometeram implementá-lo totalmente e sem exceções.
Os países participantes da cúpula apenas "tomaram nota" da oposição americana em um parágrafo separado, que a anfitriã do encontro, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse aplicar-se somente aos EUA.
O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou que convocará uma nova cúpula mundial sobre a mudança climática para o dia 12 de dezembro, dois anos após a histórica aprovação do Acordo de Paris. Em entrevista coletiva após a cúpula, o presidente francês foi taxativo ao afirmar que “ou há acordo ou não há” Acordo de Paris, em alusão às intenções de Trump de renegociar o pacto global para reduzir as emissões de carbono.
A chanceler disse que a posição americana era "lamentável", mas o encontro obteve bons resultados em algumas áreas, citando um acordo comercial que incluiu os EUA, mas não dissipou as diferenças sobre a questão. Merkel reconheceu que as conversações tiveram momentos difíceis.
Ela disse que ficou satisfeita pelo fato de que todos os membros do G-20, exceto os EUA, concordaram que o Acordo de Paris era irreversível. “Acho que está muito claro que não conseguimos chegar a um consenso, mas as diferenças não foram escondidas”, disse Merkel a jornalistas no fim da reunião de dois dias. Para a chanceler, a cúpula foi uma oportunidade para mostrar suas habilidades diplomáticas antes de uma eleição federal em setembro, quando ela buscará um quarto mandato.
Em uma iniciativa liderada por Merkel, o G-20 lançou um plano para lutar contra a pobreza na África, criticado por várias ONGs por ser pouco ambicioso. O objetivo é frear as migrações em massa para o Ocidente, desenvolvendo a economia do continente, em que mais da metade da população tem menos de 25 anos.
A chanceler condenou a violência provocada pelos “manifestantes não democráticos” durante a cúpula. Cerca de 200 policiais ficaram feridos nas duas noites de distúrbios registrados em vários pontos de Hamburgo em meio aos protestos contra o G-20. Para Merkel, quem pratica tal "forma de violência cega, inclusive para o seu entorno", não pode se considerar parte de uma sociedade democrática. / AP, EFE e REUTERS