ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO - O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, usou seu primeiro discurso no G-20, para atacar a Rússia e pedir apoio humanitário a Gaza, sem mencionar Israel. Starmer fez sua primeira partipação no G-20 nesta segunda-feira, dia 18, na Cúpula de Líderes do Rio. Ele falou diante do chanceler russo, Serguei Lavrov, representante do presidente Vladimir Putin, que se ausentou da reunião.
“É importante nesta sala que abordemos a guerra ilegal da Rússia na Ucrânia. Amanhã marca o milésimo dia de sua invasão de um Estado pacífico e soberano. E eles infligiram danos ao mundo todo, incluindo à segurança alimentar e energética. Então, pedimos, novamente, uma paz justa e duradoura, consistente com a Carta da ONU”, disse o premiê trabalhista.
Starmer antecipou uma agenda de debates geopolíticos que a presidência brasileira pretendia deixar fora da pauta e que divide o G-20. Com a cúpula em andamento, ainda há incertezas sobre qual será o comunicado oficial conjunto dos líderes e se todos os países vão endossá-lo na íntegra. Há indicativos de que a Argentina de Javier Milei pode rejeitar parte dos temas.
Os desdobramentos mais recentes da guerra na Ucrânia afetam o debate no Rio. O fato mais recente no cenário foi a decisão dos Estados Unidos de autorizar o uso, pela Ucrânia, de mísseis de longo alcance fornecidos pela Otan que permitiriam atingir o território russo. A decisão do presidente Joe Biden ocorreu após uma ataque aéreo massivo da Rússia contra a infraestrutura de energia na Ucrânia.
Ele também disse que o Reino Unido vai dobrar o apoio humanitário a pessoas deslocadas pela guerra no Sudão, conflito que segundo ele ressalta “a fome causada pelo homem”. “O maior passo na luta contra a fome hoje viria da resolução de conflitos”, afirmou Starmer, durante o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza.
“Pedimos novamente um cessar-fogo imediato em Gaza, para que os reféns sejam libertados. Estamos profundamente preocupados com a situação dos civis palestinos, enfrentando fome e inanição catastróficas, particularmente no norte de Gaza. Ao se defender, Israel deve agir em conformidade com o direito internacional humanitário e fazer muito mais para proteger civis e trabalhadores humanitários”, disse o premiê.
O Reino Unido ofereceu £ 100 milhões em ajuda humanitária, segundo o premiê, que cobrou mais ajuda financeira ao território palestino para ações de apoio. “Precisamos ver um aumento maciço na quantidade de ajuda que chega aos civis em Gaza. A UNRWA (agência para refugiados das Nações Unidas) deve ser capaz de cumprir seu mandato, particularmente no início do inverno.”
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