G-7: o que é a cúpula, quem vai participar e quais as diferenças para o G-8 e o G-20?

A cúpula do G-7 será realizada entre os dias 20 e 21 de maio em Hiroshima, Japão

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Por Redação

Líderes de sete das democracias mais poderosas do mundo se reunirão neste fim de semana para a cúpula do Grupo dos Sete em Hiroshima, Japão, local do primeiro ataque atômico do mundo no final da 2ª Guerra Mundial.

Saiba mais sobre as principais questões sobre o G-7 e as preocupações da cúpula, que deve falar sobre a escalada nos conflitos com a China, Coreia do Norte e Rússia.

O que é o G-7?

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É a abreviação para Grupo dos Sete, um grupo informal das principais nações industrializadas. É composto por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos.

O G-7 se autodefine como fórum das “economias avançadas mais influentes e abertas do mundo, vinculadas por valores como democracia e abertura para o exterior”.

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Os membros do grupo se reúnem todos os anos para discutir iniciativas econômicas, políticas e sociais, em áreas como ambiente, direitos humanos, desenvolvimento e saúde.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, antes do início da cúpula do G-7  Foto: Kiyoshi Ota / AP

O grupo reúne países alinhados politicamente. Não são as sete maiores economias do mundo, já que China e Índia (2º e 5º lugar em termos nominais, respectivamente) não fazem parte do G-7.

Este ano é a vez do Japão sediar, mas a presidência das cúpulas do G-7 gira entre os sete membros. Juntam-se também dois representantes da União Europeia.

Como é de costume nos últimos anos, líderes de alguns países não pertencentes ao G-7 e organizações internacionais também participarão de algumas sessões.

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Os líderes discutem uma ampla gama de questões, incluindo política econômica, segurança, mudança climática, energia e gênero.

Como o G-7 surgiu?

A primeira cúpula foi em 1975, quando a França sediou o que era então uma reunião do Grupo dos Seis para discutir o combate à recessão que se seguiu ao embargo do petróleo árabe.

Foi criado pelo chanceler federal alemão, Helmut Schmidt (1918-2015), e pelo então presidente da França, Valéry Giscard d’Estaing (1926-2020).

O Canadá se tornou o sétimo membro um ano depois. A Rússia juntou-se para formar o G-8 em 1998, mas foi expulsa após a anexação da Crimeia por Moscou em 2014.

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A Rússia do presidente Vladimir Putin não faz parte do G-7 desde a anexação da Crimeia em 2014 Foto: Michael Klimentyev / EFE

Algumas instituições financeiras e blocos econômicos atuam nas discussões do grupo e têm influência para a tomada de decisões, entre as quais o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Central Europeu (BCE).

A União Europeia passou a participar como observadora das cúpulas em 1977 e de todas as reuniões de trabalho em 1981. O bloco é representado pelo presidente da Comissão Europeia e o presidente do Conselho Europeu —atualmente Ursula von der Leyen e Charles Michel, respectivamente.

Quem vai participar?

Este ano, os líderes do Brasil, Austrália, Comores, Ilhas Cook, Índia, Indonésia, Coreia do Sul e Vietnã são convidados, enquanto o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida enfatiza a importância de alcançar os países em desenvolvimento no chamado Sul Global.

A participação dos países do G7 na atividade econômica global encolheu para cerca de 30%, de cerca de 50% há quatro décadas. Economias em desenvolvimento como China, Índia e Brasil obtiveram enormes ganhos, levantando questões sobre a relevância do G-7 e seu papel na liderança de uma economia mundial que depende cada vez mais do crescimento de nações menos ricas.

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Líderes das Nações Unidas, da Agência Internacional de Energia, do Fundo Monetário Internacional, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, do Banco Mundial, da Organização Mundial da Saúde e da Organização Mundial do Comércio também estão convidados.

Por que Hiroshima?

Hiroshima é a cidade natal de Kishida. Sua escolha do local ressalta a determinação de colocar o desarmamento nuclear e a não proliferação no topo da agenda da cúpula deste ano.

Um caminho para o desarmamento nuclear parece mais difícil com as recentes ameaças de uso de armas nucleares táticas da Rússia na Ucrânia, bem como o desenvolvimento nuclear e de mísseis da China e da Coreia do Norte.

Coreia do Norte escala tensões na região da Península Coreana  Foto: via REUTERS / via REUTERS

O Japão, que é protegido pelo guarda-chuva nuclear dos EUA, também enfrentou críticas de que sua promessa de desarmamento nuclear não é verdadeira. Kishida está tentando forjar um roteiro realista entre a dura realidade atual e o ideal de um mundo sem armas nucleares.

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Na sexta-feira, 19, Kishida dará as boas-vindas aos líderes que chegam ao Parque da Paz de Hiroshima. Ele também planeja escoltar os líderes ao museu da bomba atômica, na primeira visita em grupo de chefes de Estados de países com capacidade nuclear. Também pode haver uma reunião com sobreviventes do ataque.

“Acredito que o primeiro passo para qualquer esforço de desarmamento nuclear é fornecer uma experiência em primeira mão das consequências do bombardeio atômico e transmitir com firmeza a realidade”, disse Kishida no sábado durante uma visita a Hiroshima para observar os preparativos para a cúpula.

O que será discutido no G-7?

Espera-se que os líderes do G-7 condenem veementemente a guerra da Rússia contra a Ucrânia, ao mesmo tempo em que prometem seu apoio contínuo à Kiev. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, participará da sessão via internet.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, deve participar da cúpula do G-7 de forma virtual  Foto: Radek Pietruszka / EFE

Também haverá um foco nas crescentes ameaças da China contra Taiwan, a ilha democrática autônoma que Pequim reivindica como sua, e maneiras de reduzir a dependência econômica e da cadeia de suprimentos das democracias ocidentais em relação à China.

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Para abordar a ascensão das nações do Sul Global, incluindo muitas ex-colônias de potências ocidentais com visões variadas e laços com a Rússia e a China, o G-7 oferecerá a esses países mais apoio em saúde, segurança alimentar e infraestrutura para desenvolver laços mais estreitos.

Qual a diferença para o G-8?

O grupo passou a ser chamado de G-8 a partir de 1998, com a entrada da Rússia. A expansão do fórum foi uma tentativa de aproximação dos países do Ocidente com o Kremlin após a Guerra Fria e também devido ao poder bélico de Moscou.

Mas a Rússia foi expulsa do grupo em 2014 como retaliação à invasão da Crimeia —península anexada por Moscou após a queda do governo pró-Kremlin na Ucrânia. À época, o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que o afastamento do país não era uma “grande tragédia”.

E o G-20, é o quê?

É a abreviação para Grupo dos Vinte, que reúne os países com as maiores economias do mundo. Formam a organização 19 Estados e um bloco econômico, a União Europeia.

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Atualmente, fazem parte do grupo a África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia; Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.

Assim como no G-7, os membros do G-20 se reúnem todos os anos para discutir iniciativas econômicas, políticas e sociais. Outros países podem ser convidados para os encontros.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversa com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, na reunião dos líderes do G-20 em Bali, Indonésia  Foto: Dita Alangkara/ AP

O grupo se autodefine como o principal fórum de cooperação econômica internacional, que desempenha “papel importante na formação e fortalecimento da arquitetura e governança global em todas as principais questões econômicas internacionais”.

O G-20 foi fundado em 1999 após uma crise financeira na Ásia como um fórum para os ministros das Economias e presidentes dos bancos centrais discutirem questões econômicas e financeiras globais.

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A partir de 2008, diante de uma maior percepção sobre a importância dos países emergentes na economia global, as reuniões passam a contar também com os chefes de Estados. Mais amplo, o fórum passou a englobar outros temas além da economia, entre os quais o meio ambiente, energia e segurança./AP, AFP e NYT