O gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu aprovou a demissão de Ronen Bar, chefe do Shin Bet, o serviço de Segurança Interna de Israel. A decisão controvertida deve desencadear novas manifestações no país. Pelo segundo dia, milhares foram às ruas para pedir um novo cessar-fogo em Gaza e protestar contra o que dizem ser um ataque à democracia pela coalizão de governo de ultradireita de Netanyahu.
A demissão foi aprovada após mais de duas horas de debates e votação. Bar ficará no cargo até o dia 10. No entanto, o escritório de Netanyahu afirmou que ele pode deixar o cargo antes disso, caso os ministros aprovem um substituto permanente.
A votação marca a primeira vez na história de Israel que um governo demite o chefe do Shin Bet.

A decisão aprofunda uma disputa de poder focada principalmente sobre quem tem responsabilidade pelo ataque do Hamas que desencadeou a guerra. Ela também pode abrir uma crise sobre a divisão de poderes no país, uma vez que o procurador-geral de Israel entendeu que o gabinete não tem base legal para demitir Bar.
Falando na reunião de ministros, Netanyahu disse que o chefe do Shin Bet é brando demais e “não é a pessoa certa para reabilitar a organização”, de acordo com seu gabinete.
O primeiro-ministro diz que sua decisão foi tomada na noite de 7 de outubro de 2023 e durante as negociações para a libertação de reféns que se seguiram. “Eu tenho administrado negociações diplomáticas há anos”, disse Netanyahu. “Ele (Bar) não é agressivo o suficiente.”
Netanyahu anunciou no domingo a intenção de demitir Bar por “falta de confiança”. Os dois já discordaram em diversos momentos da guerra e sobre o futuro do conflito. Críticos da medida alegam que Netanyahu está tentando prejudicar a independência do serviço de Segurança Interna.

Nos protestos, as principais rodovias foram bloqueadas e a polícia fez pelo menos 12 prisões em meio a cenas de enfrentamento em Jerusalém e Tel-Aviv. Segundo os manifestantes, a mobilização “ganhou força e energia” e continuará nos próximos dias.
Em frente à casa do premiê, em Jerusalém, polícia usou canhões d’água contra os manifestantes. Em um vídeo que circulou nas redes sociais, dois policiais são vistos empurrando o líder do partido Democratas, Yair Golan, derrubando-o com outras pessoas./AP e AFP