Gasto militar na Europa alcançou em 2022 seu maior nível desde a Guerra Fria

Em 2022, um ano marcado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, os países europeus gastaram, em média, descontando a inflação, 13% a mais em seus exércitos do que em 2021.

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Por Redação

ESTOCOLMO-Os gastos militares na Europa dispararam em 2022 após a invasão russa da Ucrânia e atingiram seu nível mais alto desde o fim da Guerra Fria, de acordo com um estudo publicado no domingo, 23.

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Os gastos militares europeus também impulsionaram os de todo o planeta, chegando a um recorde de US$ 2,24 trilhões (cerca de R$ 11,31 trilhões), equivalente a 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, aponta o Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (Sipri).

As despesas globais com defesa tiveram um aumento significativo “devido à guerra na Ucrânia”, que elevaram as do continente europeu, “e às tensões cada vez mais graves no leste da Ásia entre Estados Unidos e China”, afirmou à AFP o pesquisador Nan Tian, um dos autores do estudo.

Guerra na Ucrânia fez com que gastos militares aumentassem no continente europeu  Foto: Libkos/ AP

Em 2022, um ano marcado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, os países europeus gastaram, em média, descontando a inflação, 13% a mais em seus exércitos do que em 2021.

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Este é o maior crescimento em mais de 30 anos e, se o valor total for calculado em dólares constantes (descontando o efeito da inflação), alcança o mesmo nível dos gastos de 1989, quando o Muro de Berlim caiu.

“Na Europa, [os gastos militares] estão no seu nível mais alto desde o fim da Guerra Fria”, enfatizou Tian.

Kiev aumentou gastos militares em sete vezes no ano passado

No caso da Ucrânia, aumentaram sete vezes, para US$ 44 bilhões (R$ 222,18 bilhões), um terço de seu PIB.

A antiga república soviética também se beneficiou de bilhões de dólares em doações de armas estrangeiras, observou o Sipri.

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A Ucrânia elevou o orçamento militar em sete vezes em 2022  Foto: Miguel Gutiérrez / EFE

Os desembolsos russos em defesa subiram 9,2% no ano passado, segundo essas estimativas.

“Os gastos europeus aumentaram bastante, mesmo se excluirmos [dos cálculos] as duas nações em guerra”, indicou Tian.

Os gastos militares na Europa chegaram a US$ 480 bilhões (R$ 2,42 trilhões) em 2022. Na última década, aumentaram um terço e espera-se que a tendência continue e se acelere nos próximos anos.

O continente pode registrar níveis “potencialmente” semelhantes aos de crescimento militar de 2022 por vários anos, destacou Tian.

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Essas despesas diminuíram drasticamente nos anos 1990, antes de registrar um novo pico na década de 2000, em parte devido aos investimentos chineses no setor e ao aumento das tensões no leste da Europa após a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia em 2014.

EUA e China representam mais da metade dos gastos militares no mundo

Os Estados Unidos são de longe o país com o maior investimento militar: em 2022, representou 39% dos gastos globais.

A China ficou em segundo lugar, com 13%, o que significa que os dois países representam mais da metade dos fundos destinados a essa atividade em todo o mundo.

Ambos estão muito à frente da Rússia (3,9%), Índia (3,6%) e Arábia Saudita (3,3%).

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“A China tem investido cada vez mais em suas forças navais como uma forma de ampliar seu alcance em relação a Taiwan, é claro, e depois além do Mar do Sul da China”, disse Tian.

China aumentou os gastos militares em meio a tensões com os Estados Unidos e possibilidade de conflito em Taiwan Foto: Handout / via REUTERS

A tendência de aumentar os gastos de defesa também pode ser observada em outros países da região, como Japão, Indonésia, Malásia, Vietnã e Austrália.

Na Europa, quem mais gasta é o Reino Unido, que ocupa o sexto lugar mundial (3,1%), à frente da Alemanha (2,5%) e da França (2,4%), com orçamentos que incluem doações para a Ucrânia.

Polônia, Países Baixos e Suécia estão entre as nações europeias que mais elevaram seus investimentos militares na última década.

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O aumento desses gastos também pode ser explicado pela aquisição de armas mais modernas e caras, como no caso da Finlândia, que comprou 64 caças F-35 americanos no ano passado./AFP

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