Gazprom reduz envio de gás para a França, que a acusa Rússia de usar combustível como arma de guerra

Companhia francesa Engie afirmou que foi comunicada nesta terça-feira sobre redução no fornecimento por um ‘desentendimento’ na aplicação de contratos

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Por Redação

A estatal russa de energia Gazprom voltou a reduzir as entregas de gás para a França nesta terça-feira, 30, aumentando os temores na Europa de que Moscou possa cortar completamente o abastecimento energético às vésperas do inverno - o que Paris e outras capitais acusam ser uma manobra de retaliação pela posição ocidental à guerra na Ucrânia.

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De acordo com a empresa francesa de energia Engie, a Gazprom informou sobre uma redução no fornecimento de gás a partir desta terça-feira, 30. O motivo alegado seria “um desentendimento entre as partes sobre a aplicação de vários contratos”, disse a empresa em um comunicado.

As entregas da Gazprom para a Engie diminuíram significativamente desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro. O fornecimento atual é de 1,5 TWh por mês, o que equivale a aproximadamente 4,5% do total do fornecimento, considerando o total de fornecido à Europa, que ultrapassa os 400 TWh por ano.

Empresa de energia francesa Engie afirmou ter sido avisada sobre redução no fornecimento de gás pela Gazprom nesta terça-feira, 30. Foto: Regis Duvignau/ REUTERS - 12/10/2019

“Muito claramente a Rússia está usando o gás como arma de guerra e devemos nos preparar para o pior cenário de uma interrupção completa do fornecimento”, disse a ministra de Transição de Energia da França, Agnes Pannier-Runacher, à rádio France Inter, segundo noticiou a Reuters.

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A Engie afirmou que já havia garantido gás suficiente para cumprir seus compromissos com os clientes em seu comunicado, acrescentando que também adotou medidas para “reduzir significativamente qualquer impacto financeiro e físico direto” que poderia resultar da interrupção do fornecimento de gás da Gazprom.

No entanto, a manipulação do fornecimento de gás pela Rússia tem tido repercussões em toda a Europa. Recentemente, o preço da matriz energética disparou, atingindo um patamar cinco vezes maior do que era há um ano, em meio a cortes anunciados pela Gazprom. O próximo corte temporário de fornecimento começa na quarta-feira, 31, quando a empresa fechará o gasoduto Nord Stream 1 por três dias, alegando a necessidade de reparos.

Líderes da União Europeia têm apelado ao público para usar menos gás durante o verão (do Hemisfério Norte) para construir armazenamento para o inverno. O bloco propôs que as nações reduzam voluntariamente seu uso em 15% - prevendo um dispositivo para impor cortes caso haja risco de grave escassez de gás.

A França, como outros países europeus, está tentando aumentar suas reservas de gás para o inverno e encher seu estoque para evitar uma crise econômica e política. A Alemanha, por exemplo, reativou usinas termelétricas que utilizam carvão e petróleo e conseguiu deixar suas reservas de gás em 80%.

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Usina termelétrica Heyden queima carvão em Petershagen, na Alemanha. Foto: Sascha Steinbach/ EFE

De acordo com o chanceler alemão, Olaf Scholz, o país está preparado para um eventual desligamento do fornecimento russo, também acusando Moscou de fazer uso político da fonte energética. “Seremos capazes de lidar muito bem com as ameaças que enfrentamos da Rússia, que está usando o gás como parte de sua estratégia na guerra contra”, disse durante um encontro com o premiê espanhol, Pedro Sánchez.

Proibição de vistos

Enquanto acusam a Rússia de fazer uso político da energia, líderes da União Europeia discutem uma proposta para suspender um acordo que facilita a concessão de vistos para que cidadãos russos entrem nos países do continente, aumentando a burocracia e os valor a ser gasto.

Alemanha e França emitiram um comunicado conjunto, alertando que a iniciativa seria contraproducente, com potencial para alimentar a narrativa russa de perseguição e desencadear efeitos indesejados, segundo noticiou a Reuters. Ainda de acordo com o noticiado pela agência, Berlim e Paris defendem um maior escrutínio nos pedidos de cidadãos russos, mas argumentam que a UE deve continuar apoiando elementos pró-democráticos de Moscou, permitindo a entrada de pessoas não vinculadas ao governo.

Outros países do bloco, por sua vez, defendem fortemente a proibição, como a Dinamarca e a Holanda. “É muito provocativo para mim que você veja homens russos em praias no sul da Europa, enquanto homens ucranianos entre 18 e 60 anos não podem nem deixar seu país para lutar por sua liberdade”, disse à Reuters o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Jeppe Kofod.

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A restrição de vistos será um dos temas discutidos na reunião dos ministros das relações exteriores do bloco que acontece em Praga entre terça e quarta-feira, 31./ AP e NYT

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