Serguei Surovikin, o general russo da destruição, está na Ucrânia fazendo o que sabe: arrasando alvos estratégicos em 10 diferentes cidades e distritos industriais.
Cumprindo ordens do chefe, Vladimir Putin, lançou uma tempestade de ao menos 80 mísseis disparados, principalmente, do céu sobre o Mar Negro. Atingiu áreas urbanas, centrais de energia, instalações militares, centrais de comunicações.
Ao assumir o comando das tropas militares na Ucrânia, no sábado, Surovikin traça uma nova arquitetura para a invasão de Putin, a definindo como uma guerra de destruição.
Conhecido pela brutalidade de suas operações, sob o comando do general a guerra entra em uma fase de ataques aéreos massivos e sem sutileza para atingir alvos civis ou infraestrutura básica.
Algumas das armas à sua disposição são novas gerações de modelos já existentes. Uma delas, o míssil Zarkov, caçador de radares e de postos de comando de drones, é totalmente nova.
Outro sistema que entra com destaque nessa nova fase é o Iskander, versão 9k720A, de lançamento de solo, dentro de uma faixa estimada de entre 300km e 1.000km, com capacidade de 1 tonelada de explosivo. Seus principais alvos são bunkers graças a sua característica de atingir, penetrar e só então explodir dentro do alvo.
Seu uso pode ser combinado com os Tornados, foguetes não guiados de 300 mm 9A52-4. Ele pode levar múltiplas ogivas e 96 granadas - antipessoal, incendiara ou as duas juntas.
No cardápio de destruição do general está também o Kalibr, um míssil de precisão, de cruzeiro. Assim como o Zarkov, é lançado de bombardeiros estratégicos Bear TU-95 e Backfire TU-160. Eles são acompanhados pelo MiG-31 armado com mísseis hipersônicos modelo Zirkon, usados contra alvos muito estratégicos e selecionados, como usinas de energia, refinarias ou instalações militares. Caças de proteção Sukhoi modelos 30 e 35 são os batedores da frota do general Surovikin.
As novas gerações de armas exibidas agora na Ucrânia deixam claro que a indústria bélica da Rússia não parou todo esse tempo. Algumas delas foram desenvolvidas durante a guerra para atender às necessidades da invasão e mostram uma nova geração mais evoluída dos equipamentos já conhecidos.
Por serem lançados do ar, de bombardeios, a nova geração de mísseis foi otimizada com as novas condições, ganhando, por exemplo, em alcance e eficiência. São equipamentos que ganharam novos e aperfeiçoados sistemas de direcionamento, como o Kalibr, sem que as versões anteriores tenham sido aposentadas.
Um conjunto de armas que impõe um desafio novo à Ucrânia, que até agora não demonstrou capacidade de responder à altura. Mesmo com as levas de equipamentos ocidentais, o Exército de Kiev não tem volume de armas para enfrentar a nova fase do ataque de Putin ou pelo menos ainda não demonstrou ter.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.