O general da reserva brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz vai chefiar uma missão internacional para apurar um ataque contra o presídio de Olenivka, na Ucrânia, segundo anunciou o secretário-geral da ONU, António Guterres. O general foi ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro (PL) por cinco meses em 2019.
Na explosão que ocorreu em 29 de julho, 53 prisioneiros de guerra ucranianos foram mortos. Rússia e Ucrânia, desde então, têm trocado acusações de responsabilidade pelo ataque. Pelo menos outras 75 pessoas ficaram feridas. Tanto Moscou como Kiev têm pedido à ONU que faça uma apuração independente.
Os presos eram, em sua maioria, soldados ucranianos ou combatentes do Batalhão Azov, grupo paramilitar que tem ajudado o Exército de Kiev nos combatentes no país, especialmente na defesa da cidade de Mariupol, tomada pelos russos. A prisão fica na região separatista de Donetsk, no leste.
Segundo o New York Times, os prisioneiros detidos no complexo de Olenivka não eram soldados quaisquer. Estima-se que 2,5 mil deles eram combatentes que atuaram na usina siderúrgica de Azovstal, na cidade de Mariupol. Sua batalha de 80 dias contra uma força russa muito superior a partir de bunkers sob a gigantesca fábrica tornou-se lendária na Ucrânia.
O anúncio de Guterres ocorreu durante uma entrevista coletiva em Lviv, na Ucrânia, após ele se reunir com os presidentes ucraniano, Volodmir Zelenski, e o turco, Recep Tayyip Erdogan.
Em entrevista ao site de notícias da ONU, o general disse ser uma honra atuar na missão internacional. “Tomei conhecimento agora de que o secretário-geral da ONU considerou o meu nome para cumprir uma tarefa na Ucrânia. Fico muito honrado e tenho a certeza de que os companheiros que irão também ser selecionados pelas Nações Unidas são pessoas da mais alta qualidade, e isso é uma grande garantia para o nosso trabalho, para que possamos ter um resultado positivo sobre o assunto que vai ser tratado,” afirmou ele ao site.
O general brasileiro já comandou duas missões de paz das Nações Unidas, a Minustah, no Haiti, e a Monusco, na República Democrática do Congo, na África. Ele também produziu um relatório, conhecido como Santos Cruz Report, sobre o funcionamento de missões de paz pelo mundo.
De acordo com o ONU News, Guterres afirmou que o que aconteceu no centro de detenção foi inaceitável. Ele lembrou que todos os prisioneiros de guerra têm de ser protegidos sob a Lei Humanitária Internacional. O chefe da ONU também afirmou que a Cruz Vermelha precisa ter acesso aos detentos./COM AP
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