WASHINGTON - Uma reportagem publicada nesta sexta-feira, 24, pelo site Politico indica que o deputado americano de origem brasileira George Santos mentiu sobre sua ocupação laboral em depoimento à Justiça em 2017.
O Politico publicou uma gravação em áudio de parte da conversa de Santos com um juiz durante a acusação contra Gustavo Ribeiro Trelha, que Santos disse ao juiz ser um amigo da família. Mais tarde, Trelha se declarou culpado de fraude, foi preso e deportado para o Brasil, informou o Politico.
“Então você trabalha com o que?”, perguntou o juiz do Condado de King Sean O’Donnell, na gravação da audiência de acusação de 15 de maio de 2017. “Sou um aspirante a político e trabalho para o Goldman Sachs”, ouviu-se a resposta de Santos. “Você trabalha para o Goldman Sachs em Nova York?” diz O’Donnell. “Sim”, responde Santos.
Foi uma mentira que Santos repetiria cinco anos depois, quando fazia campanha para o Congresso, e uma das muitas partes de sua biografia que a imprensa americana descobriu ser fabricadas.
Ele foi eleito para a Câmara dos Deputados dos EUA em novembro, mas seu currículo se desfez desde então. Embora tenha deixado temporariamente as comissões da Câmara, Santos rejeitou os pedidos de renúncia e não foi pressionado a fazê-lo pelos líderes republicanos.
Santos é objeto de várias investigações locais, estaduais e federais, já que os republicanos de Nova York e alguns membros do Partido Republicano da Câmara pediram sua renúncia.
Que ele trabalhava para a Goldman Sachs era uma de suas muitas falsidades; a empresa disse ao New York Times que não há registro de que ele tenha trabalhado lá.
Santos também disse ao juiz que seus pais e os pais de Trelha eram amigos no Brasil. Trelha disse ao Politico que conheceu Santos por meio de um grupo do Facebook da Flórida para brasileiros, o que significa que Santos também mentiu sobre como os dois se conheciam, informou o Politico.
As mentiras de Santos vão desde alegar ter diplomas de universidades que nunca frequentou até dizer que sua mãe estava trabalhando em uma das torres do World Trade Center em 11 de setembro de 2001, quando registros de imigração mostram que ela estava no Brasil.
O advogado de Santos, Joe Murray, não respondeu imediatamente a um pedido do Washington Post. O Politico informou que Murray não respondeu aos seus pedidos também.
A reportagem do Post não verificou de forma independente a gravação publicada pelo Politico.
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