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Hassan Rohani em Paris

O presidente do Irã, Hassan Rohani, deixou a França na noite de sexta-feira. Foi a primeira visita de um chefe de Estado iraniano em 17 anos. Foi um sucesso? Ela permitirá alguns avanços na direção da paz na caldeira do Oriente Médio? Rohani se comportou bem. À sua imagem: uma boa cabeça entre um turbante imaculado, barba branca e pequenos óculos redondos. A tudo isso se acrescente um sorriso e até uma risada. E contratos a não acabar mais. O Irã está ávido, após as longas sanções impostas pelo Ocidente. E se reabastece. A França fornecerá ao país 118 Airbus, usinas, aeroportos e cidades sustentáveis. Naturalmente, para a visita de Rohani ocorrer sem incidentes, a França em determinadas ocasiões teve de “colocar água no seu vinho”. Literalmente, pois o Palácio do Eliseu decidiu não oferecer a Rohani um jantar, porque o iraniano afirmou que não gostaria de ver uma gota de vinho sobre a mesa. Um pouco humilhante, mas queremos vender aviões Airbus, ou não? Dias antes, a Itália foi submetida a uma prova ainda pior: para receber Rohani, o primeiro ministro Matteo Renzi ordenou que fossem cobertas todas as estátuas de mulheres nuas que ornamentam o Palácio do Governo. Hollande teve de engolir uma segunda “pílula amarga”. O gentil Rohani, tão sorridente e fino, está no poder há dois anos. E em dois anos o Irã enforcou duas mil pessoas, entre elas, 60 mulheres e o mesmo número de adolescentes. Vice-campeão no tema, o Irã matou uma pessoa a cada oito horas. Portanto, os jornais franceses observaram a Rohani que em seu país se mata muito. O presidente iraniano disse que isso o incomoda muito. Gostaria que esta situação se acalmasse, mas o Irã é uma “democracia” e numa democracia os poderes se equilibram, portanto, tudo é lento. Os mortos devem aceitar seu infortúnio com paciência. Rohani foi interrogado sobre os problemas do Oriente Médio. Por que o Irã apoia o ditador Bashar Assad que massacra seu próprio povo, destrói cidades, marcha em meio ao sangue? Rohani respondeu tranquilamente. “Na Síria aqueles que cometem crimes são terroristas. Eles decapitam inocentes, cometem massacres. São criminosos. É preciso erradicá-los (...). A curto prazo, não há na Síria outra solução a não ser Bashar Assad. Se desejamos combater o terrorismo é preciso ajudar o Exército sírio que só poderá cumprir sua tarefa com um governo central sólido (...) Os países ocidentais têm de aceitar a realidade: não podem decidir no lugar do povo sírio”. Não é nada encorajador para a Conferência de paz sobre a Síria que teve início na sexta-feira em Genebra. E mais perguntas para Rohani, desta vez sobre as relações entre as duas grandes potências do Oriente Médio, o Irã (líder dos xiitas) e a Arábia Saudita (líder dos sunitas). Os dois países não se veem com bons olhos. Atualmente, suas relações diplomáticas estão rompidas. Rohani fez acusações terríveis contra os sauditas. E ao instituto francês de relações internacionais declarou que “é preciso ver quem está na origem desse discurso de ódio e vingança, de que país tudo isso (jihadismo) vem”.  O iraniano retomou claramente as acusações constantemente feitas no Ocidente contra os príncipes de Riad: a Arábia Saudita, mesmo que finja combater o terrorismo islamista, pelo outro lado, tem uma grande responsabilidade no nascimento desse terrorismo. “Basta perguntar aos povos atingidos pela violência no Iraque, na Síria. Essa concepção da violência, de onde vem? Quem a promove? Quem praticou os primeiros atos terroristas? Que nacionalidade? Tudo isso é fácil de verificar”, afirmou. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

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Por Gilles Lapouge

* É CORRESPONDENTE EM PARIS

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