Governador da Flórida se reelege e ganha capital político para desafiar Trump

Republicano Ron DeSantis foi reeleito para um segundo mandato em uma vitória sobre o democrata Charlie Crist

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Por Redação
Atualização:

O governador republicano da Flórida, Ron DeSantis, foi reeleito para um segundo mandato nesta terça-feira, 8, em uma vitória dominante sobre o democrata Charlie Crist, reforçando sua ascensão como uma estrela proeminente do Partido Republicano com potenciais ambições para a Casa Branca.

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A vitória de DeSantis significa também a continuação de uma mudança para a direita em um Estado que já foi o maior oscilante do país - ora democrata, ora republicano. Nesta votação, seus eleitores abraçaram um governador que se deleitou com a política da ‘guerra cultural’ e definiu sua candidatura como uma batalha contra uma agenda dos liberais.

“Nós lutamos contra os ‘woke’ (termo que se tornou sinônimo de políticas liberais ou de esquerda) no Legislativo. Lutamos contra os ‘woke’ nas escolas. Lutamos contra os ‘woke’ nas corporações. Nós nunca, jamais nos renderemos à multidão ‘woke’. A Flórida é onde essa cultrua vai morrer”, disse DeSantis a apoiadores eufóricos durante seu discurso de vitória. “Eu apenas comecei a lutar.”

Republicano Ron DeSantis faz seu discurso da vitória após conquistar reeleição para o governo da Flórida  Foto: Octavio Jones/Getty Images/AFP

No período que antecedeu a eleição, DeSantis aproveitou o fato de já estar no poder para reunir a mídia, muitas vezes em cima da hora, para entrevistas coletivas nas quais ele passava um tempo significativo aprimorando críticas ao presidente democrata, Joe Biden, às políticas liberais e à grande mídia. Elas eram sempre concedidas diante de multidões de apoiadores.

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Ele ganhou atenção nacional significativa durante o início da pandemia de coronavírus por meio de sua oposição aberta aos lockdowns e à obrigatoriedade do uso de máscaras e vacinas. Ele parecia demonstrar uma vontade de entrar em quase qualquer discussão que provocasse uma polarização cultural.

Sua posição combativa incessante e a capacidade de acionar o poder do governo estadual à sua vontade tornaram DeSantis querido pelos principais doadores do Partido Republicano e o transformaram em um herdeiro natural do ex-presidente Donald Trump na mente de alguns eleitores republicanos.

Semanas antes da eleição, DeSantis ordenou que o Estado levasse grupos de imigrantes para o sofisticado enclave liberal de Martha’s Vineyard, como um protesto contra as políticas de imigração do governo federal na fronteira sul.

DeSantis disse que a medida foi uma maneira de tornar a imigração uma “questão de primeira ordem” antes das eleições, com seus críticos questionando a legalidade dos voos enquanto acusavam as autoridades de mentir para os passageiros.

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O dia da eleição chegou enquanto a Flórida continuava a se recuperar do furacão Ian de categoria 4, que atingiu o Estado no fim de setembro e matou mais de 100 pessoas e causou danos generalizados.

Politicamente, a tempestade silenciou temporariamente grande parte da retórica amarga da campanha e forneceu a DeSantis uma plataforma para projetar um tom unificador como um gerente de crise competente capaz de deixar de lado o ‘guerreiro cultural’ e trabalhar com rivais como o presidente Joe Biden nos esforços de resposta.

Eleições 2024

A vitória é certa para mais especulações de uma potencial corrida presidencial de DeSantis. Ele até agora se esquivou de perguntas sobre suas possíveis aspirações para Washington, contornando o assunto repetidamente durante seu único debate da campanha com Crist no fim de outubro.

Trump, que costuma se autocreditar por impulsionar DeSantis a um primeiro mandato para governador, deve sair para uma terceira corrida presidencial e ficou frustrado com a recusa de DeSantis em desistir de uma campanha em 2024, segundo fontes próximas a Trump.

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Na segunda-feira, Trump disse à Fox News que DeSantis poderia “se machucar gravemente” concorrendo à presidência. Trump sugeriu que revelaria coisas sobre DeSantis “que não seriam muito lisonjeiras”, ao mesmo tempo em que disse que não estava em uma “discussão” com o governador.

DeSantis conseguiu arrecadar substancialmente mais dinheiro do que Crist, um democrata de 66 anos que já havia servido como governador republicano da Flórida de 2007 a 2011. Crist apontou sua candidatura para eleitores moderados na Flórida, criticando DeSantis como um valentão.

O governador reeleito da Flórida, Ron DeSantis, com sua família, celebra vitória em Tampa  Foto: Scott McIntyre/The New York Times

Crist renunciou a uma cadeira no Congresso para concorrer a governador este ano, mas foi forçado a se defender de farpas na campanha sobre várias posições mantidas ao longo de suas décadas na política da Flórida. Em um curto discurso de concessão, Crist parabenizou DeSantis e agradeceu aos apoiadores, dizendo que sua carreira política foi uma “bênção absoluta”.

Os democratas enfrentaram desafios consideráveis em um Estado até recentemente considerado um ‘swing state’, mas que se direcionou para a direita. Trump ganhou o Estado duas vezes e os republicanos foram agressivos na organização em nível local e fizeram um esforço sustentado para registrar eleitores.

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No ano passado, o Partido Republicano conquistou mais eleitores registrados no Estado do que democratas pela primeira vez na história moderna, e depois continuou a aumentar a diferença em novembro.

Em um grande golpe para os democratas na noite da eleição, DeSantis ganhou o confiável Condado de Miami-Dade, o primeiro republicano a fazê-lo em duas décadas. O governador agradeceu ao condado especificamente durante seu discurso de vitória.

A economia pesou muito na mente dos eleitores da Flórida. Três quartos deles disseram acreditar que as coisas no país estão indo na direção errada, de acordo com a AP VoteCast, uma ampla pesquisa com mais de 3.300 eleitores no Estado./AP