WASHINGTON - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, cancelou nesta sexta-feira, 2, o acordo de confissão que evitaria a pena de morte do mentor dos atentados de 11 de setembro de 2001, Khalid Sheikh Mohammed.
Os acordos anunciados esta semana com Mohammed e outros dois réus eram o ponto final desses casos, mas provocaram a indignação de familiares de algumas das mais de 3 mil vítimas assassinadas no ataque terrorista.
“Determinei que, à luz da importância da decisão de se chegar a acordos pré-julgamento com os acusados, a responsabilidade de tal decisão deve recair sobre mim”, disse Austin em um memorando dirigido à Susan Escallier, supervisora dos casos. “Retiro os três acordos pré-julgamento que você assinou”, conclui.
Os processos contra os três réus dos atentados de 11 de setembro de 2001 ficaram atolados em manobras pré-julgamento durante quase duas décadas, tempo em que Khalid Sheikh Mohammed permaneceu detido na base militar de Guantánamo em Cuba, assim como os outros dois réus.
O jornal The New York Times informou esta semana que Mohammed, Walid bin Attash e Mustafa al-Hawsawi tinham chegado a um acordo para se declararem culpados de conspiração em troca da prisão perpétua, em vez de irem a julgamento com possibilidade de condenação à pena de morte.
Mohammed, um engenheiro educado nos EUA e jihadista declarado, foi acusado de ter a ideia de sequestrar aviões e voá-los contra edifícios. Os promotores disseram que ele apresentou a ideia a Osama bin Laden em 1996 e depois ajudou a treinar e dirigir alguns dos sequestradores.
Ele e Hawsawi foram capturados juntos no Paquistão em março de 2003 e mantidos em prisões secretas da CIA até sua transferência para a base naval dos EUA em Guantánamo em setembro de 2006 para um eventual julgamento. Naquela época, os interrogadores da agência os mantiveram incomunicáveis por anos e os torturaram, incluindo sujeitar Mohammed a um recorde de 183 sessões de simulação de afogamento.
Grande parte do debate jurídico em torno dos casos dos acusados se concentrou em saber se eles poderiam ser julgados com imparcialidade após terem sido submetidos a torturas pela Agência Central de Inteligência./AFP
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