Governo condena libertação de assassino de estudante brasileira na Nicarágua

Segundo o Itamaraty, a anistia do homem que matou a médica Raynéia Gabrielle Lima comprova o padrão de sistemática violação das garantias individuais e de direitos fundamentais naquele país

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Por Redação
Atualização:

BRASÍLIA - O Brasil condenou nesta quinta-feira a libertação na Nicarágua do assassino da estudante brasileira de medicina Raynéia Gabrielle Lima, em 2018, acrescentando que a decisão demonstra "a deterioração das instituições" do país centro-americano.

"O governo brasileiro condena e deplora, com a maior veemência, a decisão da justiça nicaraguense de anistiar e libertar o autor confesso, condenado a 15 anos de detenção, do assassinato da médica brasileira Raynéia Gabrielle Lima, ocorrido em 23 de julho em Managua", segundo comunicado do Itamaraty.

Raynéia Gabrielle Lima, de 31 anos, cursava medicina na Universidade Americana em Manágua Foto: Reprodução / Facebook

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"Para o governo brasileiro, essa medida demonstra a deterioração das instituições na Nicarágua e comprova padrão de sistemática violação das garantias individuais e de direitos fundamentais naquele país", acrescentou a chancelaria do Brasil.

Raynéia, de 32 anos, residia havia seis anos no Nicarágua, onde cursava o último ano de medicina na Universidade Americana (UAM, privada). 

Quando saía de um plantão, o veículo em que estava foi alvo de tiros e ela acabou sendo atingida. De acordo com testemunhas, os disparos partiram de um grupo de paramilitares, num período de violenta repressão aos protestos contra o presidente Daniel Ortega.

Quatro dias após a morte, a polícia nicaraguense informou a captura de Pierson Gutiérrez Solís, de 42 anos, que confessou ser o autor dos tiros. Gutiérrez Solís foi condenado em dezembro a 15 anos de prisão, mas a justiça local ordenou que ele fosse libertado na terça-feira, em aplicação de uma lei de anistia promulgada neste mês.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) afirmou no Twitter que "graves violações de direitos humanos não podem ser submetidas a um procedimento de anistia".

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E o diretor da CIDH, Paulo Abrão, considerou a libertação de Gutiérrez Solis como "um caso explícito de contradição do governo", que sempre argumentou que o assassinato da brasileira "não estava relacionado ao contexto dos protestos, que é o objeto da Lei de Anistia ". / AFP

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