Grupo separatista sequestra trem e assassina 50 no Paquistão; governo diz que resgatou reféns

Sequestro foi reivindicado pelo Exército de Libertação do Baluchistão, que defende a criação do Estado do Baluchistão; ataques aumentaram nos últimos anos

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Por Redação
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QUETTA – Militantes separatistas do Paquistão sequestraram um trem na província do Baluchistão, sudoeste do país, nesta terça-feira, 11, e anunciaram o assassinato de 50 passageiros nesta quarta. Mais de 250 pessoas foram feitas reféns, entre cerca de 400 passageiros do trem.

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As forças militares do Paquistão anunciaram o fim da operação de resgate de reféns na tarde desta quarta. Segundo o porta-voz militar, Ahmed Sharif Chaundhry, 21 reféns e 33 militantes foram mortos durante a operação. Centenas de reféns foram libertados. Não está claro o número total de mortos no episódio.

O sequestro foi reivindicado pelo Exército de Libertação do Baluchistão (ELB), que está presente há anos na província e defende a criação do Estado do Baluchistão. De acordo com o relato de uma autoridade paquistanesa à agência de notícias Reuters, dezenas de militantes da organização explodiram os trilhos da ferrovia e lançaram foguetes contra o trem.

Imagem desta quarta-feira, 12, mostra passageiros resgatados de um trem sequestrado por militantes separatistas no Paquistão Foto: Arshad Butt/AP

A operação de resgate teria envolvido centenas de tropas e equipes em helicópteros, já que o trem foi parado em uma área montanhosa.

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Segundo o comunicado da ELB, o sequestro foi em retaliação a uma ação do Exército do Paquistão contra a organização e visava a libertação de presos políticos. Os reféns assassinados seriam todos militares, e os civis teriam sido libertados, acrescentou a organização.

A afirmação, no entanto, não pode ser verificada de forma independente pelas agências de notícias. Ainda não há informações oficiais sobre mortos pela organização.

O episódio dá continuidade aos conflitos separatistas entre organizações formadas pelos membros da etnia baluche - que defendem a criação de um Estado do Baluchistão em uma área que hoje pertence ao Paquistão, Irã e Afeganistão - e o governo paquistanês.

Os conflitos aumentaram nos últimos anos. O ELB regularmente tem como alvo as forças de segurança paquistanesas e atacou civis no passado, incluindo cidadãos chineses que estavam no Paquistão trabalhando em projetos multibilionários relacionados ao Corredor Econômico China-Paquistão. O grupo também organizou ataques fora do Baluchistão, incluindo Karachi, a maior cidade do Paquistão.

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Embora o governo paquistanês insista que reduziu significativamente a violência, os ataques na província do Baluchistão não diminuíram e o grupo é considerado uma ameaça à segurança comparada ao Taleban paquistanês. Tanto o Paquistão quanto os Estados Unidos consideram o ELB uma organização terrorista, com cerca de três mil militantes.

O que é o Baluchistão?

O Baluchistão é uma província do Paquistão que faz fronteira com o Irã e com o Afeganistão. A área recebeu o nome em homenagem ao grupo étnico baluche, que se divide entre o Paquistão, Irã e Afeganistão. A maioria deste grupo étnico reside no Baluchistão, que é a maior província do Paquistão. A maioria dos baluches são muçulmanos sunitas.

De acordo com o censo populacional mais recente, a população total do Baluchistão consiste em 6,5 milhões de uma população total do Paquistão de 131 milhões. As condições socioeconômicas dos Baluchis são péssimas, com mais de 50% vivendo abaixo da linha da pobreza.

Grupos armados do Baluchistão desejam que a região se torne autônoma e consiga um Estado independente, que envolva a região paquistanesa e também uma província do Irã, que conta com um grande número de Baluchis. O grupo étnico já entrou em diversos conflitos com forças do Paquistão desde os anos 40. Islamabad acusa a Índia de apoiar grupos armados no Baluchistão, assim como o grupo terrorista Taleban, que controla o Afeganistão.

O desejo por independência do Baluchistão no Paquistão também atinge a província iraniana de Sistão-Baluchistão, onde a minoria Baluchi possui um braço armado separatista chamado Jaish ul-Adl, que significa Exército da Justiça, em árabe. /AP

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