O governo israelense autorizou nesta segunda-feira, 9, o envio de dois aviões do Brasil para o resgate de cidadãos do País que desejem deixar Israel após os ataques do Hamas que deixaram mais de 900 mortos e diante a iminente retaliação militar contra a Faixa de Gaza, disseram ao Estadão fontes do Itamaraty.
O primeiro avião deve retornar ao País ainda nesta terça-feira, 10, com chegada prevista para a quarta-feira, 11. Uma segunda aeronave decolou na tarde de segunda, 9, de Brasília com o mesmo destino e deve retornar ao País no sábado. Serão resgatados cerca de mil cidadãos brasileiros atualmente em Israel, a maioria em viagem ao país.
Segundo o Itamaraty, a principal preocupação no momento é com os brasileiros residentes na Faixa de Gaza, em virtude do bloqueio imposto por Israel e Egito ao enclave palestino, bem como a operação militar que vem sendo preparada pelo governo israelense. São 25 os brasileiros que querem sair da região.
De acordo com a Agência Brasil, existe a possibilidade de retirar esses cidadãos de Gaza por via terrestre, com o auxílio de autoridades egípcias. O Itamaraty ressalta, no entanto, que o martelo ainda não foi batido sobre essa operação específica.
Aviões em uso
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), um dos aviões usados na missão é o KC-30, a maior aeronave da FAB, que consegue voar uma distância de 14,5 mil quilômetros, com capacidade de 238 passageiros e 45 toneladas de cargas.
A outra é um KC-390, um avião bimotor de médio porte com capacidade de carga de 26 toneladas. Ele é geralmente utilizado para transportar carga militar como veículos, helicóptero e até 80 soldados.
Bimotor e a jato, ela pode realizar operações que vão desde transporte de tropas e carga até outras mais especializadas, como o reabastecimento aéreo.
Desaparecidos em rave
Ao menos três brasileiros que participavam de uma rave no deserto do Negev, que foi atacada pelo Hamas, seguem desaparecidos, segundo a chancelaria brasileira. Um quarto brasileiro ficou ferido e já teve alta. Todos possuem também cidadania israelense e vivem no país.
Terceiro dia do conflito
O terceiro dia do conflito entre o Hamas e Israel foi marcado por pesados bombardeios à Faixa de Gaza e combates dentro de Israel contra terroristas que ainda agiam contra comunidades no sul do país. O governo israelense anunciou a imposição de um cerco ao enclave palestino e preparações para uma possível invasão.
“Temos controle das comunidades”, declarou o general Daniel Hagari, porta-voz do Exército israelense, em uma declaração televisionada à imprensa, acrescentando que “ainda pode haver terroristas na área”. O ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, prometeu deixar os 2,3 milhões de palestinos que vivem no enclave sem eletricidade, comida, água, e gás. O número de mortos pelo Hamas em Israel chegou a 800 e o de palestinos em Gaza, a 687.
O Hamas mantém cerca de 150 reféns no território após a incursão de sábado em Israel. Nesta tarde, o grupo palestino ameaçou matar cada um deles para cada bombardeio de Israel. Segundo a ONU, os bombardeios israelenses já afetaram 400 mil moradores de Gaza, que ficaram sem água e luz.
Na fronteira norte, Israel bombardeou posições do Hezbollah dentro do Libano, depois que militantes palestinos realizaram pequenas incursões no leste do país. A tensão na fronteira norte pode aumentar nos próximos dias.
Para dissuadir o Hezbollah de um envolvimento maior no conflito, os Estados Unidos aumentaram sua presença militar na costa leste do Mediterrâneo e ampliaram o envio de ajuda militar a Israel.
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