Guerra em Israel pode escalar tensão global a novo patamar; leia análise

Israel investiga se outros grupos ou Estados teriam relação com o ataque do Hamas, que passou despercebido pelo seu serviço de inteligência e pegou desprevenido um dos exércitos mais potentes do mundo

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Por Christopher Mendonça*
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Em pleno Shabbat, um dia importante para a cultura judaica, os israelenses foram atingidos por uma série de ataques oriundos da Faixa de Gaza e orquestrados pelo grupo terrorista Hamas. A comunidade internacional já se movimenta no sentido de entender o contexto dos ataques e em busca de que não haja um maior escalamento do conflito. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declara publicamente que o país está em guerra e que o contra-ataque será severo.

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Desde os anos 1940 com a criação do Estado de Israel as relações de poder no Oriente Médio ganhavam novos episódios. O povo palestino jamais concordou com a demarcação de um território que comportasse os israelenses sem que houvesse, simultaneamente, a garantia de que estes também teriam direito ao seu espaço.

Nas últimas décadas as trocar de agressões entre israelenses e palestinos foram frequentes, levando a comunidade internacional em diversas ocasiões a buscar alternativas para solucionar tais pendências. Desde 2021 não havia na região um ataque sistemático contra Israel e as relações entre israelenses e os povos árabes haviam evoluído a partir da recente aproximação com o governo da Arábia Saudita.

Israel retalia invasão com ataques na Faixa de Gaza. Foto: EFE/EPA/MOHAMMED SABER

Israel é um dos países mais bem preparados do ponto de vista militar. Em razão do seu envolvimento em conflitos contínuos a defesa do país foi sendo aperfeiçoada ao longo dos anos por investimentos maciços no desenvolvimento de armas, no treinamento de tropas e na construção de mecanismos de proteção instalados principalmente nas fronteiras do país.

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O território israelense é amplamente monitorado por tecnologias de inteligência e pela ativa atuação das Forças Armadas do país. Esta estrutura não foi, entretanto, suficiente para proteger o país de ofensivas que ceifaram centenas de vidas naquela região. Lideranças políticas e militares de já iniciaram um ataque duro contra a Faixa de Gaza com o objetivo de conter qualquer iniciativa violenta por parte do Hamas.

Dos Estados Unidos o presidente Joe Biden já se manifestou informando ao seu congênere israelense a voluntariedade de auxiliar o país na manutenção da paz na região. Países europeus, representados pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também expressam a sua preoucpação com o quadro estabelecido.

O Brasil que preside o Conselho de Segurança das Nações Unidas neste mês convocou uma reunião de urgência para que a situação seja tratada. O Reino Unido, os Estados Unidos, a França, a Rússia e a China apresentam-se como membros permanentes do Conselho e por esta razão podem - e devem - vetar qualquer resolução que extrapole as competências da ONU no tema da segurança internacional.

É incerto a situação para a qual caminham os atores políticos no Oriente Médio mas o cenário mais provável é de que Israel efetue um ataque de grandes proporções contra Gaza. Estima-se que nos últimos anos uma situação de tão clara hostilidade não tenha sido registrada entre estes povos e que a atuação de outros países da comunidade internacional seja essencial para o desfecho da situação.

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As agências de inteligência israelenses e americanas já se debruçam sobre os fatos na tentativa de localizar a possibilidade de que os ataques tenham sido realizados com auxílio de Estados como a Síria e o Irã e se há o envolvimentos de outros grupos armados como o Hesbollah.

No caso do envolvimento de um ente estatal nesta ocasião os graus de hostilidade devem ser ampliados e a guerra ganhará um novo patamar que pode preocupar ainda mais o mundo. Embora não haja especulações sobre o uso de armamentos nucleares por parte de Israel é sabido o potencial nesta área acumulada pelo país nos últimos anos.

As próximas horas serão decisivas para que se busque uma solução pontual para os embates. As maiores possibilidades são, no entanto, de que o conflito se estenda e que as perdas do ponto de vista humanitário sejam bastante altas.

*Christopher Mendonça é analista político e professor de relações internacionais do IBMEC

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