THE NEW YORK TIMES - Duas meninas gêmeas nasceram em um hospital em colapso no sul de Gaza no sábado, 14, apenas alguns dias depois que sua mãe teve que deixar outro centro de saúde com dificuldades no norte.
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As bebês, chamadas Nuha e Fatina, nasceram prematuramente e precisam de fórmula. No entanto, não há água para prepará-la no hospital Nasser em Khan Younis, uma cidade sob grande pressão devido ao grande número de novos chegados, já que meio milhão de pessoas na Faixa de Gaza fugiram de suas casas em antecipação a uma invasão terrestre israelense.
Menos de uma semana atrás, a mãe das bebês, Nahla Abu Elouf, 26 anos, estava grávida de sete meses e hospitalizada no Hospital Al Shifa, na Cidade de Gaza. Sua pressão arterial baixou e os batimentos cardíacos das bebês se tornaram irregulares à medida que Israel iniciou intensos bombardeios na cidade em resposta a um ataque transfronteiriço por combatentes do grupo terrorista Hamas. A irmã de Nahla Abu Elouf é Samar Abu Elouf, uma fotógrafa freelancer que cobre Gaza para o The New York Times desde 2021.
O Al Shifa, o maior complexo médico da Faixa de Gaza, foi rapidamente sobrecarregado após o início dos ataques. Muitos dos que chegaram ao hospital estavam feridos, cobertos de poeira e sangue; outros estavam desesperados por um lugar mais seguro para ficar; outros já estavam mortos, e seus corpos tiveram que ser colocados na calçada, fora da unidade sobrecarregada.
“As cenas angustiantes se repetem em um loop aparentemente interminável”, relatou Samar Abu Elouf do Hospital Al Shifa na quinta-feira, 12. No dia seguinte, o exército de Israel ordenou uma desocupação em massa da área norte, alertando mais de um milhão de pessoas para se deslocarem para o sul.
O hospital deu alta a Nahla Abu Elouf para liberar espaço para casos mais urgentes. Após alguns dias em casa, ela e o marido se juntaram às centenas de milhares que estavam fugindo para o sul.
As contrações de Abu Elouf começaram enquanto o casal se aproximava de Khan Younis. Pouco depois de chegarem ao hospital, as gêmeas nasceram por meio de uma cesariana de emergência.
Remédios e suprimentos também estão se esgotando lá, segundo Samar Abu Elouf. Enquanto Nuha e Fatina se ajustam aos primeiros dias de vida, seus entes queridos estão procurando por água engarrafada na cidade, disse ela, para preparar a fórmula que elas precisam.
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