CAIRO-Mediadores no Cairo se reuniram nesta terça-feira,13, para discutir um acordo para pôr fim à guerra na Faixa de Gaza, em meio a um aumento da preocupação internacional com uma possível operação militar israelense na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Milhares de civis palestinos foram deslocados para a cidade que faz fronteira com o Egito por conta do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enviou o diretor da CIA, William Burns, para se juntar às negociações, e disse que conversou com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e com os líderes do Egito e do Catar, países que estão servindo como intermediários na comunicação com o Hamas.
As negociações ocorrem no momento em que a ONU, os Estados Unidos e outros países manifestavam crescente alarme sobre a perspectiva de uma incursão israelense em Rafah, onde cerca de 1,4 milhão de pessoas estão abrigadas, muitas delas em tendas, sem alimentação, água e medicamentos adequados.
Netanyahu ordenou aos militares que elaborassem planos para retirar os civis da cidade, mas muitos palestinos dizem que nenhum lugar no território é seguro. Biden apontou que os Estados Unidos se opõem a uma invasão israelense da cidade sem um “plano confiável” para proteger os civis de perigos. O Egito disse que não permitirá que refugiados cruzem a fronteira para o Sinai.
Negociação
Os negociadores no Cairo, disse Biden, esperavam chegar a um acordo entre Israel e o Hamas que libertaria os reféns restantes em Gaza e interromperia os combates por pelo menos seis semanas. Burns estava se reunindo com o chefe do Mossad, a agência de inteligência de Israel, o primeiro-ministro do Catar e autoridades egípcias, segundo a Al Qahera, um canal de televisão estatal egípcio.
John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, afirmou nesta terça-feira que as negociações estavam “avançando na direção certa”, mas se recusou a fornecer detalhes. Israel e o Hamas, no entanto, permanecem distantes nas suas posições declaradas publicamente e não mostraram sinais de que podem ceder. Israel, por exemplo, disse que não irá parar de combater em Gaza até que o Hamas seja destruído e os reféns libertados.
“Nada está feito até que tudo esteja feito”, disse Kirby aos repórteres na Casa Branca.
A guerra em Gaza começou no dia 7 de outubro, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense e mataram 1.200 pessoas, além de terem sequestrado 240. Após o ataque, Tel-Aviv iniciou uma operação na Faixa de Gaza, com bombardeios aéreos e incursão terrestre. Segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas, a ofensiva israelense deixou mais de 28 mil mortos.
Questionado sobre se os Estados Unidos acreditam que os reféns americanos em Gaza ainda estão vivos, ele disse: “Não temos qualquer informação que seja contrária a isso”.
Egito
A possível operação israelense na cidade palestina aumentou a pressão sobre o Egito, que afirmou que não deseja receber palestinos em seu território. Cairo reforçou a fronteira entre o país e o enclave palestino e chegou a avisar que uma ofensiva israelense na cidade palestina poderia prejudicar o tratado de paz entre Egito e Israel, que foi costurado em 1979.
Netanyahu descreveu Rafah como o último reduto do grupo terrorista Hamas. Na segunda-feira, 12, depois de as forças israelenses terem libertado dois reféns detidos na cidade em uma operação noturna, ele disse que “apenas a pressão militar contínua, até à vitória total, conseguirá a libertação de todos os nossos reféns”.
Mas a operação de resgate coincidiu com uma onda de ataques israelenses que mataram dezenas de pessoas em Rafah, segundo as autoridades de saúde de Gaza. Tel-Aviv também é pressionada pelas famílias dos reféns israelenses que desejam um acordo com o grupo terrorista Hamas para a libertação dos sequestrados.
“Os olhos de 134 reféns olham para você”, disse o grupo nesta terça-feira em um comunicado dirigido ao chefe do Mossad e ao chefe do Shin Bet, que estão no Cairo para negociações. “Não desista e não volte sem um acordo.”
Possível operação israelense em Rafah
Autoridades da ONU e do Tribunal Penal Internacional (TPI) alertaram sobre consequências catastróficas caso as forças israelenses invadissem a cidade. Biden também ressaltou na segunda-feira, 12, após uma reunião com o rei Abdullah II, da Jordânia, que os civis palestinos precisam ser protegidos.
Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que uma incursão em Rafah comprometeria a entrega de ajuda essencial através da passagem da fronteira da cidade com o Egito. Dujarric resaltou que a ONU não iria contribuir para a retirada de civis palestinos da cidade.
Saiba mais
“Não participaremos do deslocamento forçado de pessoas”, disse Dujarric. “Do jeito que está, não há nenhum lugar que seja atualmente seguro em Gaza.”/com NYT
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