Libertação de reféns: veja o que se sabe sobre o acordo entre Israel e o grupo terrorista Hamas

Este será o primeiro cessar-fogo desde que comunidades israelenses foram invadidas e cerca de 240 pessoas foram sequestradas por terroristas do Hamas

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Por Tia Goldenberg
Atualização:

O governo de Israel aprovou na terça-feira, 21, o acordo mediado pelo Catar para uma trégua temporária em Gaza, após 45 dias de guerra com o grupo terrorista Hamas, que domina o enclave. Esta pausa de quatro dias é a primeira no conflito desde 7 de outubro, quando comunidades israelenses foram invadidas e cerca de 240 pessoas foram sequestradas por terroristas do Hamas.

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O acordo será o primeiro respiro aos palestinos de Gaza, onde mais de 11 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, foram mortas, de acordo com autoridades. Também pode representar um vislumbre de esperança para famílias daqueles que foram sequestrados semanas atrás.

O trato, mediado pelo Catar, pelos Estados Unidos e pelo Egito, foi anunciado enquanto os combates se intensificavam nos bairros centrais da cidade de Gaza. Ele encerra semanas de negociações indiretas intermitentes e prepara o terreno para um período tenso que poderá determinar o curso da guerra, que já está quase na sétima semana.

Israel, Hamas e Catar anunciaram diferentes detalhes do acordo, mas essas informações não parecem contradizer umas as outras. Veja o que se sabe até agora.

O que há no acordo?

Catar anunciou na madrugada desta quarta-feira, 22, que o Hamas irá soltar 50 reféns em troca do que o grupo terrorista disse que seriam 150 palestinos presos detidos por Israel. Essas pessoas libertadas, em ambos os lados, seriam mulheres e menores de idade.

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Os reféns seriam soltos em etapas durante os quatro dias de cessar-fogo. Uma vez que a primeira leva for solta, espera-se que Israel liberte o primeiro grupo de palestinos presos.

Os que estão à espera de libertação incluem muitos adolescentes detidos durante uma onda de violência na Cisjordânia em 2022 ou 2023 e acusados de crimes como lançamento de pedras ou perturbação da ordem pública, de acordo com uma lista de prisioneiros elegíveis publicada pelo Ministério da Justiça de Israel nesta quarta-feira. Israel detém atualmente cerca de 7 mil palestinos acusados ou condenados por crimes de segurança.

Israel disse que a trégua seria prorrogada por um dia a cada 10 reféns adicionais liberados. O Catar também disse que Israel ainda iria permitir mais combustível e ajuda humanitária em Gaza, mas não forneceu mais detalhes.

Fotos de pessoas sequestradas pelo Hamas são projetadas em uma parede em Jerusalém, no dia 6 de novembro, um dia antes do atual conflito na Faixa de Gaza completar um mês. Foto: Sergey Ponomarev/The New York Times

O grupo terrorista Hamas disse que centenas de caminhões carregando ajuda humanitária e combustível estão permitidos a entrar em Gaza todos os dias como parte do acordo. Suprimentos também chegariam ao norte de Gaza, o foco da ofensiva terrestre de Israel, pela primeira vez, de acordo com o grupo terrorista.

O comunicado do governo israelense não mencionou aumento de entregas de ajuda e gasolina. O canal israelense TV Channel 12 noticiou que como parte do acordo, Israel iria permitir uma quantidade “significativa” de combustível e suprimentos em Gaza, mas não especificou quanto. Israel tem limitado a quantidade de ajuda, especialmente de gasolina, permitidos a entrar em Gaza durante a guerra, provocando uma forte escassez de água, comida e combustível para os geradores de energia.

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Espera-se que os combates sejam interrompidos temporariamente: os jatos e as tropas israelenses suspenderão o fogo, enquanto os militantes deverão se abster de disparar foguetes contra Israel. O grupo terrorista Hamas disse que os aviões de guerra de Israel deixarão de sobrevoar o sul de Gaza durante a trégua de quatro dias e durante seis horas diárias sobre o norte de Gaza. Israel não fez menção à suspensão dos voos e não ficou claro se isso incluiria os sofisticados drones de inteligência de Israel, que têm sido uma presença constante em Gaza.

O que foi deixado de fora no trato?

Embora diversas famílias fiquem entusiasmadas por ter seus entes queridos de volta, um número significativo de reféns permanece sob o poder do grupo terrorista Hamas, incluindo homens, mulheres, idosos e estrangeiros. As famílias que não estão inclusas no acordo atual provavelmente permanecerão pressionando o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu para tentar garantir a libertação dos seus familiares em um acordo futuro.

Segundo o jornal israelense Haaretz, sob o acordo, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha irá visitar os reféns que permanecerão presos e tratá-los com medicamentos que eles possam precisar. Nem o grupo terrorista Hamas nem Israel confirmaram este detalhe.

Quais são as possíveis implicações deste acordo?

O combinado oferece apenas uma pausa curta no combate. Espera-se que Israel, que fez da destruição do grupo terrorista Hamas e da salvação dos cativos os seus objetivos de guerra, continue de onde parou quando os quatro dias terminarem.

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Netanyahu disse na terça-feira que o cessar-fogo irá permitir que o Exército se prepare para continuar lutando e não irá prejudicar seus esforços de guerra. Assim que a trégua parar, ataques aéreos provavelmente serão retomados e tropas continuarão sua ofensiva no norte de Gaza, antes da sua esperada incursão no sul, que ainda não se sabe quando deve ocorrer. Moradores de Gaza terão de se preparar para o reinício das hostilidades.

O acordo também parece reforçar o grupo terrorista Hamas. Uma pausa no conflito iria garantir tempo para montar estratégias, alternar posições militares e talvez reagrupar-se depois que Israel disse ter matado um grande número de militares terroristas do Hamas e destruído diversas sedes do grupo terrorista.

A natureza escalonada do acordo também abre a porta para o grupo terrorista Hamas aumentar rapidamente suas exigências, assumindo que Israel fará ainda mais concessões para libertar mais reféns.

Yehya Sinwar, o líder do grupo terrorista Hamas em Gaza e um dos apontados como a cabeça por trás do ataque de 7 de outubro, poderia também tentar transformar a pausa de quatro dias em um cessar-fogo mais longo, oferecendo a libertação de mais reféns. Uma trégua maior iria tornar mais difícil para que Israel recomeçasse a guerra, tanto operacionalmente quanto sob os olhos da opinião pública.

O governo israelense também encararia uma pressão interna crescente para garantir a segurança de mais reféns, já que famílias deixadas de fora do atual acordo só ficarão mais determinadas a ver seus parentes soltos depois de verem os primeiros grupos deixarem os cativeiros./Associated Press.

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