WASHINGTON - Assessores do presidente americano, Joe Biden, que elaboraram a estratégia de punir a Rússia com sanções pela invasão da Ucrânia agora se preocupam com a reação do presidente russo, Vladimir Putin, a intensidade dessas punições, que se organizaram de uma maneira mais rápida e intensa do que muitos no Ocidente esperavam.
A cúpula do governo americano tem debatido o tema repetidas vezes nos últimos dias, depois de terem sido informados por agentes de inteligência que Putin tem uma tendência de reagir quando acuado. Em relatórios, esses agentes listaram uma série de possíveis respostas do Kremlin, que vão de ataques contra alvos civis na Ucrânia a ciberataques contra o sistema financeiro americano. Retaliações mais graves, ainda que menos prováveis, incluem novas ameaças nucleares e uma expansão do conflito além das fronteiras da Ucrânia.
O debate está ligado a reavaliações de inteligência sobre o perfil psicológico de Putin. Há a preocupação entre a comunidade de espionagem americana que Putin pode ter tido sua ambição e apetite pelo risco alterados por dois anos de isolamento em consequência da pandemia de covid-19.
Ameaça nuclear
Esses temores sobre a reação de Putin ganharam força no sábado, quando o líder russo colocou seu arsenal nuclear em alerta de combate para responder às sanções financeiras do Ocidente. Nos dias seguintes, no entanto, houve poucos indícios reais dessa prontidão.
Diante da escalada, o departamento de Defesa optou por cancelar testes com mísseis nucleares nos EUA, para evitar um acirramento maior com o Kremlin. O porta-voz do Pentágono, John Kirby disse que a decisão foi tomada para mostrar que os EUA são uma potência nuclear responsável.
Nos bastidores, assessores de Biden batizaram o problema de “Putin encurralado”, agravado pela decisão recentes de empresas transnacionais de encerrar parcerias com a Rússia no setor de petróleo e gás.
Saída para Putin
Em uma entrevista coletiva na Casa Branca, a porta-voz, Jen Psaki, disse que não sabia de nenhum esforço para desescalar a situação. “Acho que neste momento eles estão marchando em direção a Kiev com um comboio e continuando a tomar medidas bárbaras contra o povo da Ucrânia. Portanto, agora não é o momento em que estamos oferecendo opções para reduzir as sanções.”
No entanto, um alto funcionário do Departamento de Estado, questionado sobre os debates dentro do governo sobre os riscos à frente, disse que havia nuances na abordagem do governo que apontam para possíveis saídas para o líder russo.
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