Guerra na Ucrânia: Kiev desliga um dos reatores da maior usina nuclear da Europa em meio a ataques

Kiev e Moscou trocam acusações sobre ataques à usina de Zaporizhzhia, enquanto AIEA alerta que central está fora de controle e situação pode desencadear um acidente radioativo

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Por Redação
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KIEV - A Ucrânia comunicou neste sábado, 6, que um dos reatores da central nuclear de Zaporizhzhia foi paralisado em meio aos ataques desta semana. A usina, que é a maior da Europa, foi ocupada por forças russas desde o início da guerra e ambas as partes trocam acusações de ataques a locais próximos. Nesta semana, o diretor da AIEA afirmou que a usina está completamente fora de controle e pede acesso imediato.

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Em nota, a empresa ucraniana de energia atômica Energoatom informou que “devido ao ataque à central nuclear de Zaporizhzhia, o sistema de proteção de emergência foi acionado em um dos três reatores em funcionamento, que foi desativado”. Os bombardeios à central causaram “graves danos” a uma unidade de armazenamento de nitrogênio e oxigênio e a um “edifício anexo”. A central nuclear, no entanto, ainda está produzindo energia elétrica e ainda há funcionários ativos no local.

No dia em que a usina sofreu os ataques, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, disse em entrevista à Associated Press que “todos os princípios de segurança nuclear foram violados” na planta. Grossi afirmou que a AIEA precisa ir a Zaporizhzhia, assim como fez em Chernobyl, para analisar o que realmente está acontecendo e realizar reparos e inspeções, para “evitar que um acidente nuclear aconteça”.

Usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, que foi ocupada pelas forças russas no início da guerra Foto: Dmytro Smolienko/Reuters

As autoridades ucranianas e russas vem trocando acusações desde julho, quando a Rússia acusou a Ucrânia de atacar com drones o território da central nuclear. Na última sexta-feira, 05, a Ucrânia acusou as forças russas de três ataques perto de um reator da central de Zaporizhzhia, no sul do país, apesar de Moscou ter controle sobre a área desde o início da invasão em fevereiro. O exército russo respondeu dizendo que o ataque das forças ucranianas ao local provocaram um incêndio, que já foi controlado.

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A captura russa de Zaporizhzhia renovou os temores de que o maior dos 15 reatores nucleares da Ucrânia possa ser danificado, desencadeando outra emergência como o acidente de Chernobyl em 1986, o pior desastre nuclear do mundo, que aconteceu cerca de 110 km ao norte da capital Kiev.

As forças russas ocuparam Chernobyl logo após a invasão, mas devolveram o controle aos ucranianos no final de março. Grossi visitou a usina em 27 de abril e twittou que o nível de segurança era “como uma ‘luz vermelha’ piscando”. Mas a AIEA conseguiu montar “uma missão de assistência em Chernobyl na época que tem sido muito, muito bem-sucedida até agora”.

Usina como escudo

O exército russo tem utilizado Zaporizhzhia como um escudo contra as forças ucranianas, que temem revidar por causa do risco de acidente nuclear. Segundo militares da Ucrânia, os russos tem disparado de trás da central atômica desde meados de julho, lançando foguetes sobre o Rio Dnipro contra Nikopol, cidade controlada pelos ucranianos, e outros alvos.

A Ucrânia não tem como responder de volta, nem mesmo utilizando os avançados sistemas de foguetes Himars fornecidos pelos EUA, que têm silenciado as armas russas em outras partes da linha de frente. Um ataque contra essa posição arriscaria atingir um dos seis reatores atômicos de água pressurizada ou algum depósito de lixo altamente radioativo. E a Rússia sabe disso.

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“Eles estão se escondendo lá para que não possam ser atingidos”, afirmou o prefeito de Nikopol, Oleksandr Saiuk. “Usar uma instalação dessas como escudo é perigoso”. O confronto na cidade, bem como o risco de um acidente nuclear a qualquer momento, tem provocado a fuga dos cidadãos de Nikopol.

Protegidos do fogo contrário, os russos estão ameaçando tropas ucranianas que avançam na direção da represa de Nova Kakhovka, no Rio Dnipro, um dos últimos pontos de cruzamento do curso d’água disponíveis para o reabastecimento das forças russas no sul do país./AP e AFP