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Rússia bombardeia Ucrânia com dezenas de mísseis e reconhece pela primeira vez que está em guerra

Desde a invasão em fevereiro de 2022, país de Putin insistia em chamar o ataque de ‘operação especial’ reprimia o uso da palavra ‘guerra’ com multas e penas de prisão

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Por Redação

Pela primeira vez desde o início da invasão da Ucrânia, a Rússia reconheceu que está em “estado de guerra”, nesta sexta-feira, 22, após insistir em nomear o ataque ao país vizinho como uma “operação especial” durante dois anos.

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“Estamos em estado de guerra. Sim, isto começou como uma operação militar especial, mas assim que este grupo se formou, quando o Ocidente coletivo se tornou um participante do lado da Ucrânia, para nós isto se tornou uma guerra”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em uma entrevista ao jornal pró-Kremlin Argumenty i Fakty.

Na entrevista, Peskov recordou o objetivo do Kremlin de controlar completamente as quatro regiões ucranianas (Kherson, Donetsk, Lugansk e Zaporizhzhia) das quais Moscou reivindica a anexação desde setembro de 2022.

Ataque aéreo russo danificou um edifício residencial, em Zaporizhzhia, Ucrânia. Foto: AP Photo/Andriy Andriyenko

“Pelo direito, é uma operação militar especial, mas de fato isto transformou-se em uma guerra”, explicou Peskov em sua entrevista coletiva diária, nesta sexta-feira.

Nos últimos dois anos, o Kremlin reprimiu o uso da palavra “guerra” com multas e penas de prisão. O governo russo impôs o eufemismo oficial “operação militar especial”. Questionado sobre o destino das pessoas condenadas pelo uso da palavra, Peskov deu a entender que o uso do termo com a intenção de criticar a Rússia não será autorizado. “A palavra guerra é utilizada em diferentes contextos. Comparem o meu contexto com os casos citados destas pessoas”, disse o porta-voz.

Ataque massivo na madrugada

A declaração de Peskov foi dada horas depois de a Rússia utilizar dezenas de mísseis e drones em bombardeios contra infraestruturas de energia na Ucrânia, que deixaram cinco mortos e mais de 20 feridos. Quase 90 mísseis e 60 drones explosivos de fabricação iraniana foram lançados contra a ex-república soviética na madrugada de sexta-feira.

O Exército russo afirmou que estes ataques foram uma “retaliação” aos bombardeios e incursões ucranianos nas suas regiões fronteiriças. Os bombardeios atingiram nove regiões, de Kharkiv a Zaporizhzhia, perto da linha de frente, até Lviv e Ivano-Frankivsk, no oeste da Ucrânia, a centenas de quilômetros da zona de combate.

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Nesta foto fornecida por Petro Andryuschenko, conselheiro do chefe da administração de Mariupol, ônibus em chamas é visto em usina hidrelétrica após ataques russos em Dnipro. Foto: anal de Telegram de Petro Andryuschenko, assessor do chefe da administração da cidade de Mariupol via AP

Os ataques foram direcionados contra “centrais de energia elétrica, linhas de alta tensão, uma represa hidrelétrica, residências e até um ônibus”, afirmou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. O ministro da Energia, German Galushchenko, afirmou que o bombardeio noturno foi “o maior ataque contra a indústria energética ucraniana dos últimos tempos”.

A segunda cidade da Ucrânia, Kharkiv, que tinha quase 1,5 milhão de habitantes antes da guerra, foi completamente privada de eletricidade e calefação porque os bombardeios danificaram “gravemente” as instalações energéticas, disse o seu prefeito, Igor Terejov, segundo o qual o ataque “com mais de 20 mísseis” foi o “mais poderoso” contra a cidade desde o início da guerra./AFP.

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