Guia para entender por que a Catalunha quer se separar da Espanha

Movimento ganhou força em 2017; entenda os principais motivos dos separatistas

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Por Redação

A Catalunha mergulhou em uma crise por conta do separatismo, agravada recentemente pela condenação à prisão de vários líderes do movimento independentista. Desde 2017, a região foi marcada por diversos protestos e tentativas de negociação por parte de catalães separatistas.

Existe um governo regional catalão e outras instituições, como polícia e uma Suprema Corte, que estão subordinadas ao Estado da Espanha. Cerca de 16% da população habita a região. A área possui 31 mil km², o que representa 6,3% do territória espanhol.

Os protestos se intensificaram depois da condenação a prisão de nove líderes catalães na última segunda-feira, 14. Foto: Albert Gea/ Reuters

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Um dos principais motivos para o movimento de independência da Catalunha é o bom desempenho econômico da região. As atividades representam cerca de 20% do PIB de todo o país, chegando a gerar mais de R$ 1,19 trilhões para a economia. 

Por outro lado, os separatistas acreditam que a área recebe um repasse pequeno do governo federal e pagam excessivos impostos em comparação com a riqueza que gera para a Espanha.

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Outros fatores importantes para a causa secessionista estão ligados a aspectos culturais. Além do espanhol, o povo catalão tem o próprio idioma oficial, falado pela maioria da população. 

Ambas as línguas possuem traços e raízes diferentes, principalmente por conta da formação cultural da região. Por causa disso, parte significativa dos catalães afirma não se reconhecer espanhola e tenta se desvincular das decisões políticas tomadas em Madri.

Manifestante catalão lança bomba degás lacrimogêneo de volta à polícia durante a greve geral da Catalunha em Barcelona, nesta sexta, 18. Foto: Albert Gea / Reuters

Confira a cronologia dos principais acontecimentos relacionados à luta pela independência na Catalunha a partir de setembro de 2017.

Tentativa de secessão

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6 de setembro de 2017: os deputados separatistas votam no Parlamento regional, onde são a maioria, uma lei para organizar um referendo de autodeterminação em 1º de outubro, apesar dos protestos da oposição que os critica por violar a Constituição espanhola e o Estatuto da Catalunha.

1º de outubro de 2017: forças de segurança enviadas por Madri intervêm para apreender as urnas do referendo proibido pela justiça. As imagens da violência policial circulam pelo mundo. O governo separatista anuncia a vitória do "sim" com 90% dos votos e 43% de participação, embora os dados não sejam verificáveis.

Um manifestante chuta uma bombadurante confrontos perto da sede da polícia em Barcelona. Foto: Josep Lago / AFP

3 de outubro de 2017: o rei Felipe VI pede o restabelecimento da ordem constitucional após uma greve geral na Catalunha acompanhada de várias manifestações contra a violência policial.

27 de outubro de 2017: os deputados separatistas aprovam uma declaração unilateral de independência. Madri suspende a autonomia regional, destitui o governo dirigido por Carles Puigdemont, dissolve o Parlamento e convoca novas eleições.

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Diálogo fracassado

21 de dezembro de 2017: os partidos que defendem a independência, com candidatos encarcerados ou exilados como Puigdemont, novamente conquistam a maioria absoluta com 70 deputados em 135.

2 de junho de 2018: um novo governo catalão, liderado pelo separatista Quim Torra, toma posse e a Catalunha recupera sua autonomia. No mesmo dia, o socialista Pedro Sánchez assume a presidência do governo espanhol prometendo diálogo com a região, embora excluindo a possibilidade de um referendo de autodeterminação.

9 de julho de 2018: Pedro Sánchez se reúne com Torra em Madri iniciando una etapa de diálogo entre ambas as administrações.

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Milhares de participantes das "Marchas pela liberdade" caminham pela Gran Vía de Barcelona. Foto: Andreu Dalmau / EFE

9 de outubro de 2018: os separatistas perdem a maioria no Parlamento catalão após Puigdemont e seus seguidores recusarem substituir quatro deputados suspensos pela justiça por envolvimento na tentativa de secessão .

12 de fevereiro de 2019: começa Supremo Tribunal o julgamento de doze líderes separatistas, incluindo o ex-número dois de Puigdemont, Oriol Junqueras, por seu papel na tentativa de secessão. Alguns dias antes, o diálogo entre Sánchez e Torra termina.

Condenação e tensão

14 de outubro de 2019: o Supremo condena nove dos 12 líderes separatistas a penas de 9 a 13 anos de prisão. Sánchez pede a abertura de um novo capítulo sobre o assunto tendo como base o diálogo, mas a sentença atiça aqueles que desejam independência na região, que vão às ruas para protestar. Milhares de manifestantes bloqueiam o aeroporto de Barcelona.

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Milhares de participantes das "Marchas pela liberdade" caminham pela Gran Vía de Barcelona. Foto: Andreu Dalmau / EFE

15 de outubro de 2019 e dias seguintes: cenas de guerrilha urbana, com barricadas em chamas e confrontos entre manifestantes com o rosto escondido e os agentes de segurança são registradas em Barcelona e outras cidades da Catalunha.

18 de outubro de 2019: passeatas “pela liberdade”, com dezenas de milhares de pessoas, seguem para Barcelona, em um dia de greve geral e novos confrontos. / AFP

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