Foto do(a) blog

De Beirute a Nova York

Como o Hezbollah e seus aliados cristãos combaterão o ISIS no Líbano?

O Líbano vive um dilema neste momento - suas Forças Armadas devem ou não atacar a vila de Arsal, dentro do território libanês, onde há membros do ISIS, também conhecido como Grupo Estado Islâmico ou Daesh, e da Frente Nusrah, que é a Al Qaeda na Síria?

PUBLICIDADE

Por gustavochacra

O grupo xiita Hezbollah e seus aliados das principais facções cristãs, incluindo a Frente Patriótica Livre, de Michel Aoun, o mais popular líder político cristão do Líbano, defendem uma intervenção do Exército. Os principais grupos sunitas libaneses e alguns de seus aliados cristãos na 14 de Março, no entanto, são cautelosos. Na avaliação deles, esta intervenção pode trazer a guerra para dentro do Líbano.

PUBLICIDADE

Caso as Forças Armadas do Líbano não intervenham, o Hezbollah, com o apoio de algumas milícias cristãs, deve entrar em Arsal, uma cidade majoritariamente sunita, para combater o ISIS e a Al Qaeda, que são seus maiores inimigos (não, Israel não é o maior inimigo do Hezbollah). Certamente, esta ação acirraria as tensões sectárias libanesas.

Os cristãos temem que o ISIS e a Frente Nusrah ataquem vilas cristãs nesta região do Líbano. Se as Forças Armadas, que ironicamente são controladas por um cristão, não agirem, sobrará apenas o apoio do Hezbollah, que também tem defendido os cristãos na Síria.

Muito se critica corretamente o Hezbollah por ter uma facção armada que age como Exército em muitas partes do Líbano - embora, claro, as outras facções sectárias libanesas também possuam seus braços armados em uma nação praticamente libertária. Neste momento, cabe às Forças Armadas do Líbano combater o ISIS e a Frente Nusrah. Se não o fizer, o grupo xiita terá o argumento, junto com seus aliados cristãos, de ser o único a garantir a segurança libanesa diante da ameaça da Al Qaeda e do ISIS.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

Publicidade

Comentários islamofóbicos, antissemitas, anticristãos e antiárabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco são permitidos ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista

Acompanhe também meus comentários no Globo News Em Pauta, na Rádio Estadão, na TV Estadão, no Estadão Noite no tablet, no Twitter @gugachacra , no Facebook Guga Chacra (me adicionem como seguidor), no Instagram e no Google Plus

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.