Este fracasso belga deixa claro que a solução de dois Estados é mesmo a melhor para israelenses e palestinos. Por mais que alguns idealistas sonhem com o Estado binacional, este poderia ser um fiasco, com judeus e árabes se dividindo e acentuando a crise. Israel, mesmo sem incorporar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, já enfrenta problemas. Os imigrantes russos muitas vezes optam por não aprender o hebraico, lendo apenas os seus jornais e votando em seus partidos. O mesmo se aplica aos árabes, que não servem nas Forças Armadas e, em alguns casos, são contra a própria existência do Estado judaico - aliás, não se pode esquecer que um quinto da população israelense é árabe.
Na revista Foreign Affairs, Robert Danin demonstra que os palestinos realmente mudaram a estratégia para alcançar seu Estado. No início, até 1990, as lideranças palestinas apelavam ao terrorismo. Depois, ao longo de Oslo, tentaram as negociações diretas com os israelenses. Sem sucesso, agora se focam o que o autor descreve como Fayyadismo, em uma alusão a Salam Fayyad.
Em vez de buscar um acordo com Israel, o premiê da Autoridade Palestina terminará de criar as instituições do Estado palestino, como já vem fazendo. Em seguida, conforme já ocorreu com o Brasil e outros países, apenas pedirá o reconhecimento internacional. De acordo com Danin, esta alternativa, ainda que aliene Israel, é a melhor para os israelenses.
Obs. Ontem o tablóide New York Post, do magnata das comunicações Rupert Murdoch, publicou uma foto de Barack Obama na sua capa vestido apenas com bermuda, camiseta, boné, sandálias e óculos escuros. Ao lado, em destaque, a pergunta - "o líder do mundo livre pode se vestir desta forma mesmo quando está de férias". A foto foi tirada durante as férias de fim de ano do presidente no Havaí. O que vocês responderiam ao jornal?
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O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen e eleições em Tel Aviv, Beirute e Porto Príncipe. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios
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