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De Beirute a Nova York

De Ohio a Cabul - Americanos ignoram guerras do Afeganistão e do Iraque na hora de votar

Diferentemente das duas últimas eleições, em 2006 e 2008, as  guerras do Iraque e do Afeganistão não são a prioridade dos eleitores americanos nas disputas para governos estaduais e para o Congresso hoje nos Estados Unidos. A segurança interna tampouco integra a lista de problemas mais importantes mesmo depois da ameaça de atentados terroristas através de pacotes-bomba enviados do Yemen.

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Por gustavochacra

Outros temas de política externa, como a negociação do conflito entre israelenses e palestinos e a questão nuclear iraniana, também estão ausentes das campanhas eleitorais deste ano. A divergências envolvem mais as políticas domésticas, com democratas e republicanos evitando discutir o que acontece na política internacional.

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Basicamente, o que nós adoramos debater aqui no blog, não interessa tanto aos americanos na hora de votar. Segundo pesquisa do Instituto Gallup, apenas 6% dos americanos consideram a Guerra do Afeganistão uma prioridade. Parece uma contradição, já que os EUA mantêm cerca de 100 mil militares baseados no país lutando contra a rede terrorista Al Qaeda e o Taleban, além de já terem gasto 300 bilhões no conflito mais longo da história americana.

O levantamento sequer indica o total de eleitores que colocam a Guerra do Iraque como a maior preocupação na hora de votar, incluindo dentro do grupo "outros". O conflito, iniciado em 2003, já deixou ao redor de 4 mil americanos mortos - valor superior ao de total de vítimas no 11 de Setembro.

A maior parte dos eleitores está mais interessada na economia (43%), no sistema de saúde (23%) e o tamanho do governo federal (18%). Mesmo a imigração ilegal, que marginalmente envolve política externa, especialmente em relação ao México e o restante da América Latina, é a o tópico mais relevante para apenas 5% dos eleitores.

Nas eleições de 2006, quando os democratas saíram vitoriosos na votação para o Congresso, a questão iraquiana estava no topo das preocupações dos eleitores. Barack Obama, na sua campanha presidencial, também abordava o tempo todo a necessidade de encerrar a Guerra do Iraque e se focar no Afeganistão.

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De acordo com análise do Council on Foreign Relations, o Afeganistão não tem sido muito discutido na campanha eleitoral por que "os democratas que se opõem à guerra não querem parecer ser contrários a uma plataforma de Obama, enquanto os republicanos, apesar de apoiarem o conflito, não se sente à vontade em se alinhar com o presidente". O analista Stephen Biddle afirma que "o apoio político para a guerra dependerá de os esforços no conflito estarem obtendo resultados ou não".

George Friedman, da consultoria de risco político Eurasia, avalia em análise que, independentemente do resultado da votação, o presidente terá espaço para agir em política externa mesmo se os democratas perderem. "O sistema americano deixa o presidente fraco política doméstica", dependente do Congresso. "Mas a Presidência sempre é poderosa em política externa", ainda que o Senado e a Câmara dos Deputados estejam nas mãos da oposição.

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O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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