Hamas abre caminho para possível cessar-fogo em Gaza depois de abandonar exigência, dizem oficiais

Meses de negociações intermitentes de cessar-fogo haviam tropeçado na exigência do grupo terrorista Hamas de que qualquer acordo incluísse o comprometimento de Israel com o fim completo da guerra

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Por Redação
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O grupo terrorista Hamas deu a sua aprovação inicial a uma proposta apoiada pelos Estados Unidos para um acordo de cessar-fogo em etapas na Faixa de Gaza, abandonando uma importante exigência de que Israel se comprometa antecipadamente com um fim completo da guerra. A informação foi passada para a Associated Press (AP) por uma autoridade do grupo terrorista Hamas e um oficial egípcio.

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O aparente compromisso do grupo, que controlava Gaza antes de desencadear a guerra com um ataque a Israel no dia 7 de outubro de 2023, poderia provocar a primeira pausa nos combates desde novembro e preparar o terreno para novas negociações para dar fim a nove meses devastadores de conflito. Mas todas as partes alertaram que o acordo ainda não está garantido.

Dentro de Gaza, o Ministério da Saúde disse que um ataque aéreo israelense a uma escola transformada em abrigo matou pelo menos 16 pessoas e feriu pelo menos outras 50 no campo de refugiados de Nuseirat. Crianças estavam entre os mortos e feridos. Os militares de Israel disseram que atacaram terroristas que operavam na área da escola e que tentaram diminuir o risco para os civis.

As duas autoridades, que falaram à Associated Press (AP) sob condição de anonimato para discutir as negociações em andamento, disseram que o acordo em etapas de Washington começaria com um cessar-fogo “total e completo” de seis semanas, durante o qual reféns mais velhos, doentes e mulheres seriam libertados em troca de centenas de prisioneiros palestinos. Durante esses 42 dias, as forças israelenses iriam se retirar das áreas densamente povoadas de Gaza e permitir o regresso das pessoas deslocadas às suas casas no norte de Gaza, disseram os oficiais.

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Outro alto oficial do grupo terrorista Hamas, também falando sob condição de anonimato para discutir as negociações, disse mais tarde à AP que as soldados mulheres estariam entre os libertados na primeira fase.

Durante esse período, o grupo terrorista Hamas, Israel e os mediadores negociariam os termos da segunda fase, que poderia levar à libertação dos reféns restantes do sexo masculino, tanto civis como soldados, disseram as duas primeiras autoridades. Em troca, Israel libertaria mais prisioneiros e detidos palestinos. A terceira fase incluiria o regresso de quaisquer reféns restantes, incluindo os corpos dos mortos, e o início de um projeto de anos de reconstrução.

Palestinos deslocados carregam seus pertences em frente a prédio destruído em Deir el-Balah, na Faixa de Gaza; conflito continua no território palestino em meio a novos esforços diplomáticos por cessar-fogo.  Foto: Eyad Baba/AFP

O grupo terrorista Hamas ainda quer garantias escritas dos mediadores de que Israel continuará a negociar um acordo de cessar-fogo permanente assim que a primeira fase entrar em vigor, disseram as duas autoridades.

A primeira autoridade do grupo terrorista Hamas disse à AP que a aprovação veio depois de o grupo ter recebido “compromissos e garantias verbais” dos mediadores de que a guerra não será retomada e que as negociações continuarão até que um cessar-fogo permanente seja alcançado. “Agora queremos essas garantias no papel”, afirmou o oficial.

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Meses de negociações intermitentes de cessar-fogo tropeçaram na exigência do grupo terrorista Hamas de que qualquer acordo incluísse o fim completo da guerra. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, propôs pausar os combates, mas não encerrá-los até que Israel atinja os seus objetivos de destruir as capacidades militares e governativas do Hamas e de devolver todos os reféns detidos pelo grupo.

O grupo terrorista Hamas expressou preocupação com a possibilidade de Israel reiniciar a guerra depois que os reféns forem libertados. Autoridades israelenses disseram estar preocupadas com a possibilidade de o Hamas prolongar as negociações e o cessar-fogo inicial indefinidamente, sem libertar todos os reféns.

“Pela primeira vez em muitos meses, sentimos esperança”

O gabinete de Netanyahu não respondeu aos pedidos de comentários da AP e não houve comentários imediatos de Washington. Na sexta-feira, 5, o primeiro-ministro israelense confirmou que o chefe da agência de espionagem Mossad tinha feito uma visita relâmpago ao Catar, um mediador chave, mas o seu gabinete disse que “lacunas entre as partes” permaneciam.

“Pela primeira vez em muitos meses, sentimos esperança”, disse um comunicado de muitas famílias de reféns. “Netanyahu, vimos como você repetidamente frustra acordos em tempo real. Não se atreva a quebrar nossos corações novamente.” Manifestantes contrários ao governo reuniram-se novamente no sábado, 6, à noite.

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Israel começou a guerra em Gaza depois do ataque do grupo terrorista Hamas em outubro, no qual membros da organização terrorista invadiram o sul de Israel, mataram cerca de 1.200 pessoas - a maioria civis - e sequestraram cerca de 250. Israel diz que o grupo terrorista Hamas ainda mantém cerca de 120 reféns - acredita-se agora que cerca de um terço deles estejam mortos.

Desde então, a ofensiva aérea e terrestre israelense matou mais de 38 mil pessoas em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território, que não faz distinção entre combatentes e civis na sua contagem. A ofensiva causou uma devastação generalizada e uma crise humanitária que deixou centenas de milhares de pessoas à beira da fome, segundo autoridades internacionais.

O acordo de cessar-fogo prevê a entrada diária de cerca de 600 caminhões de ajuda humanitária em Gaza, metade deles com destino ao norte do enclave, duramente atingido, disseram as duas autoridades. Desde o ataque de Israel à cidade de Rafah, no sul, os fornecimentos de ajuda que entram em Gaza foram muito reduzidos.

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“Queremos comer, mas onde podemos comer? O país está exausto. O país está desamparado. Não é adequado para viver”, disse Walid Hegazi, residente do campo de refugiados de Jabaliya, no norte de Gaza. “Lamentamos pelos burros porque comemos o trigo e a cevada deles.”

Também no sábado, o Ministério do Interior administrado pelo grupo terrorista Hamas disse que quatro policiais foram mortos em um ataque aéreo israelense em Rafah. O ministério, que supervisiona a polícia civil, disse que os policiais foram mortos durante patrulhas a pé e que outros oito policiais ficaram feridos. Os militares de Israel não responderam imediatamente a perguntas da AP.

O conflito de baixa intensidade entre as forças israelenses e o Hezbollah continua. Um ataque aéreo israelense contra um carro na área de Baalbek, no leste do Líbano, matou um engenheiro da unidade de defesa aérea do Hezbollah, disseram os militares israelenses em um comunicado, descrevendo Meitham Mustafa al-Attar como um “agente-chave”. O Hezbollah confirmou a morte de al-Attar em uma declaração, mas não deu informações sobre a sua posição. Nas últimas semanas, aumentaram os receios de que o conflito, com os seus confrontos quase diários, pudesse evoluir para uma guerra em grande escala. / AP

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