Corte de impostos em causa própria?
A apresentadora Rachel Maddow criou enorme alvoroço para divulgar duas páginas de um único ano (2005) da declaração de imposto de renda de Donald Trump – e o resultado foi um papelão. Em vez de evasão fiscal, os números revelaram que Trump pagou US$ 38,4 milhões em impostos, sobre um rendimento de US$ 153,7 milhões (25%, taxa superior à média dos bilionários). Mas o mistério tributário persiste.
Trump resiste a divulgar suas declarações, sob a alegação de estar sendo auditado. Só que a auditoria em andamento se refere apenas aos últimos sete anos. Não há informação sobre 24 dos anos não investigados. Sabe-se, além de 2005, quanto Trump pagou em apenas sete deles desde 1975 – em quatro, nada; nos demais, US$ 72 mil ao todo.
O ano mais relevante foi 1995, quando ele acumulou um prejuízo de US$ 916 milhões, a abater nos anos seguintes. Em 2005, ainda descontou US$ 103 milhões em perdas. Não fosse um dispositivo conhecido como Taxa Mínima Alternativa (ATM), criado no governo de Ronald Reagan para evitar trapaças tributárias, só pagaria R$ 5,3 milhões, ou 3,5%. Pois o próximo item na agenda legislativa de Trump, depois do orçamento e do novo programa para o sistema de saúde, é justamente a reforma nos impostos. Entre os cortes previsíveis para as grandes corporações e os mais ricos, está a proposta de acabar com a ATM. Qual será o efeito disso nas declarações de renda de Trump?
Menos mexicanos nos Estados Unidos
Estudioso da demografia, o economista Giovani Peri, da Universidade da Califórnia, julga absurdo o foco do governo Trump nos mexicanos. Desde 2004, diz ele, a população mexicana nos Estados Unidos caiu em mais de 1 milhão, e o fluxo diminui ano a ano. Em 2013, Índia e China ultrapassaram o México como maiores fontes de imigrantes. Nos últimos 15 anos, a imigração cresceu mais nas categorias com formação superior, mestrado e doutorado, benéficas à economia.
Menos europeus no Reino Unido
Apenas pelo impacto na imigração, o Brexit poderá reduzir o PIB britânico entre 0,6 e 1,2 ponto porcentual até 2020, informa um estudo na última edição da Oxford Review of Economic Policy. Nos empregos menos qualificados, o aumento salarial esperado, graças à menor competição com imigrantes, será de apenas 0,12% até lá.
Menos ocidentais na Holanda
A derrota de Geert Wilders não aliviará as dores da imigração na Holanda. Entre 2002 e 2015, dobrou o número de municípios onde imigrantes são entre 10% e 25% dos habitantes. Em 51 cidades, como Roterdã, Haia e Amsterdã, mais da metade da população tem origem não ocidental. São suspeitos de crimes 4,7% dos imigrantes marroquinos, 3,9% dos antilhanos, 2,2% dos turcos – e 0,7% dos holandeses nativos.
Bannon cultuava Bruce, Grateful Dead e Toynbee
Estrategista-chefe de Trump, Steve Bannon foi, nos anos 70, um jovem esquerdista que curtia Grateful Dead e Bruce Springsteen. Na Universidade Virginia Tech, comandava uma república estudantil e apoiava o então (e atual) governador da Califórnia, Jerry Brown. Leitor voraz, tinha queda pelo historiador britânico Arnold Toynbee, que flertou com o nazismo. Um amigo da época, hoje partidário de Bernie Sanders, repudiou em entrevista ao Daily Beast qualquer acusação de racismo ou antissemitismo contra Bannon.
Vai entender a mente dos espiões
Pérola encontrada entre os milhares de arquivos da CIA divulgados pelo WikiLeaks: uma lista de quase 430 emoticons em japonês – ¯\_()_/¯.
US$ 10 milhões por uma vírgula
Uma controvérsia divide os gramáticos do inglês: a obrigatoriedade de, ao final de uma enumeração, usar uma vírgula antes de “and” ou “or”, para evitar ambiguidade. Conhecida como “vírgula Oxford”, a picuinha foi o argumento decisivo no processo de caminhoneiros do Maine contra um laticínio. Ao enumerar atividades isentas de pagamento por horas extras, a lei terminava com “marketing, armazenamento, empacotamento para despacho ou distribuição”. Sem a vírgula antes do “ou”, argumentaram os caminhoneiros, a isenção se aplicava ao empacotamento, mas não à distribuição. Levaram uma indenização de US$ 10 milhões.
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