Holanda limita acesso da China a tecnologia de chips, em vitória para os EUA

Governo holandês se junta a um esforço dos Estados Unidos que visa limitar o acesso da China aos materiais usados para fabricar esses chips

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Por Redação
Atualização:

O governo da Holanda impôs na quarta-feira, 8, restrições adicionais à exportação de máquinas que fabricam chips de processadores avançados, juntando-se a um esforço dos Estados Unidos que visa limitar o acesso da China aos materiais usados para fabricar esses chips.

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A Holanda é a maior produtora mundial de componentes e maquinários chave para a produção de microprocessadores, e estava sob pressão dos Estados Unidos para tomar restrições semelhantes às impostas pelo governo de Washington no ano passado.

Os detalhes do que Haia e Tóquio fecharam com os EUA em janeiro para limitar as vendas para a China vieram a público na quarta. As empresas terão que solicitar licenças para exportar essa tecnologia, escreveu a ministra. Ela enfatizou que as medidas “cirúrgicas” incluiriam apenas sistemas de especificação muito alta, que podem fazer os chips menores e mais poderosos, incluindo algumas das ferramentas de litografia de imersão profunda (DUV) fabricadas pela empresa holandesa ASML.

Holandesa ASML é uma das principais empresas do setor de microships na Europa.  Foto: AP Photo/Peter Dejong, File

“Tendo em vista os desenvolvimentos tecnológicos e o contexto geopolítico, o governo chegou à conclusão de que é necessário para a segurança (inter)nacional estender o controle de exportação existente de equipamentos específicos de produção de semicondutores”, escreveu Liesje Schreinemacher, ministra do Comércio da Holanda.

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“Dados os desenvolvimentos tecnológicos e o contexto geopolítico, o gabinete [holandês] concluiu que é necessário para a segurança (inter) nacional expandir o controle de exportação existente de equipamentos específicos de produção de semicondutores”, escreveu ela.

Os EUA convenceram seus aliados holandeses e japoneses, que produzem tecnologia essencial para fabricação de chips, a não exportar para a China maquinário mais avançado que poderia ser usado em armas e máquinas sofisticadas.

O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, visitou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em janeiro, quando trataram da questão das máquinas de chips avançadas fabricadas pela ASML, entre outros tópicos.

Analistas consideram a decisão uma vitória do governo americano na guerra entre Estados Unidos e China para dominar a produção mundial de chips. Os semicondutores são minúsculos processadores no centro da tecnologia de celulares, carros autônomos, computação avançada, drones e equipamentos militares. No ano passado, os EUA aprovaram a Lei dos Chips, um pacote de US$ 52 bilhões para estimular a indústria, reduzir a dependência de países asiáticos e manter o país à frente da China na guerra tecnológica.

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Em outubro, o governo americano impôs controles de exportação para limitar o acesso da China a chips avançados, que, segundo a Casa Branca, podem ser usados para fabricar armas, cometer abusos dos direitos humanos e melhorar a velocidade e a precisão de sua logística militar. As regras também restringiam a capacidade de cidadãos americanos ou detentores de green card dos EUA de fornecer suporte para o desenvolvimento ou produção de chips em certas instalações de fabricação na China.

Washington declarou a escassez de materiais uma questão de segurança nacional e destacou a importância de se manter competitivo em capacidades de tecnologia avançada. Os processadores se tornaram o centro do conflito tecnológico entre EUA e China. Além de aprovar o pacote bilionário, Washington impôs restrições à exportação de chips, tecnologia e equipamentos para Pequim - e também pressiona aliados a fazer o mesmo. Além da Holanda, o Japão também proibiu a exportação de maquinários de chips para os chineses.

A China perde para Taiwan, Coreia do Sul e EUA na produção dos chips mais avançados do mundo. Apenas Taipé e Seul conseguem fabricar em grande escala os semicondutores de última geração essenciais para o desenvolvimento de tecnologia de ponta. Pequim é grande exportadora de chips mais simples, mas depende de importações para os mais avançados.

Crítica da China

A China criticou a decisão da Holanda de impor novas restrições às suas exportações de semicondutores como resultado do “assédio e hegemonia” do Ocidente.

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“Um determinado país ultrapassou o conceito de segurança nacional, politizando e instrumentalizando questões econômicas, comerciais e tecnológicas”, disse uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China nesta quinta-feira, referindo-se aos Estados Unidos. “Isso é feito para privar a China de seu direito ao desenvolvimento e manter sua hegemonia”, acrescentou.

“Esses atos de intimidação e hegemonia minam seriamente a ordem comercial internacional e as regras do mercado”, disse a porta-voz.

As restrições devem afetar principalmente a produtora holandesa ASML, maior fabricante de semicondutores da Europa.

China, CIA e chips

O futuro da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) será definido pela atual corrida tecnológica dos Estados Unidos com a China, disse o diretor da agência, William Burns, na quarta-feira, durante uma audiência no Senado.

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As observações de Burns se referiam ao lançamento da Avaliação Anual de Ameaças da Comunidade de Inteligência dos EUA, que apontou a China como a maior ameaça à segurança nacional enfrentada pelos Estados Unidos. O relatório citou o uso robusto de táticas cibernéticas pela China para vigiar os americanos, seu sucesso em roubar propriedade intelectual e a capacidade de adquirir tecnologias estrangeiras.

“Acho que a revolução na tecnologia não é apenas a principal arena de competição com a República Popular da China”, disse Burns. “É o principal determinante do nosso futuro como serviço de inteligência.”

Os diretores de inteligência disseram que Pequim representa uma variedade de ameaças aos interesses dos EUA, incluindo o uso de hackers e a competição em torno de tecnologia de ponta, como os chips.

Se Pequim temesse a iminência de um grande conflito com os Estados Unidos, “quase certamente consideraria realizar operações cibernéticas agressivas contra a infraestrutura crítica nacional dos EUA e ativos militares em todo o mundo”, disse o relatório. “Tal ataque seria projetado para impedir a ação militar dos EUA, impedindo a tomada de decisões dos EUA, induzindo o pânico social e interferindo no desdobramento das forças dos EUA.”

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O relatório apontou para a “expansão global do autoritarismo impulsionado pela tecnologia” da China, citando seus esforços agressivos para controlar e manipular o livre fluxo de conteúdo globalmente. Também afirmou que a China é “quase certamente” capaz de lançar ataques cibernéticos que podem destruir serviços críticos de infraestrutura, inclusive contra oleodutos e gasodutos e sistemas ferroviários. / AFP, AP e NYT

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