KIEV - Volodmir Zelenski, um humorista sem experiência política, saiu na frente no primeiro turno da eleição presidencial na Ucrânia neste domingo, 31, e vai enfrentar, em 22 de abril, o atual presidente Petro Poroshenko. A ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko ficou em terceiro lugar.
Embora críticos duvidem de sua capacidade para governar e da viabilidade de seu programa, o candidato atípico se beneficiou da rejeição às elites - uma tendência global, que é especialmente forte na Ucrânia, após anos de severas dificuldades econômicas e de escândalos de corrupção.
Aos 41 anos, Zelenski obteve 30,4% dos votos, segundo pesquisa de boca de urna feita pelo consórcio Exit poll national, que reúne três institutos. Poroshenko, de 53 anos, recebeu 17,8% dos votos.
À frente no começo da campanha, Yulia Tymoshenko, de 55 anos, ficou com 14,2% dos votos. Ela imediatamente reivindicou o segundo lugar e denunciou as pesquisas como “desonestas e manipuladoras”.
A polícia diz ter recebido mais de 1,7 mil denúncias de fraude. Todas as pesquisas publicadas na imprensa local indicam resultados similares.
Após a divulgação do resultado das pesquisas de boca de urna, Zelenski comemorou. “Esse é apenas o primeiro passo de uma grande vitória”, disse.
Já o atual presidente lamentou a segunda colocação na corrida eleitoral. “Essa é uma dura lição para mim e para as autoridades em geral. É uma razão para trabalhar nossos erros”, afirmou Poroshenko.
Reconhecido por trazer seu país para mais perto do Ocidente, reconstruindo um Exército em ruínas e lançando reformas econômicas, o presidente é acusado de não lutar contra a corrupção - uma grande preocupação da revolta da Praça Maidan que o levou ao poder, cinco anos atrás.
Em queda nas pesquisas, ele estava ameaçado de nem ir ao segundo turno, mas conseguiu ficar à frente de Yulia.
A capacidade de Zelenski de reunir uma maioria absoluta, contudo, permanece uma incógnita, enquanto o país enfrenta desafios consideráveis.
Nação de 45 milhões de pessoas às portas da União Europeia, a Ucrânia é hoje um dos Estados mais pobres da Europa. Enquanto embarcou numa queda de braço com a Rússia e voltou sua atenção para o Ocidente, experimenta atualmente a pior crise desde a sua independência em 1991.
A chegada dos pró-ocidentais ao poder em 2014 foi seguida pela anexação da península da Crimeia pela Rússia e por um conflito com separatistas no leste, que deixou mais de 13 mil mortos. / AFP
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