A promessa do presidente americano, Donald Trump, de mover a Embaixada dos Estados Unidos em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém foi acompanhada num primeiro momento por alguns países alinhados ideologicamente a Washington, entre eles o Brasil, depois que Jair Bolsonaro foi eleito. Apesar disso, o único país além dos EUA a manter o plano original é a Guatemala. O Paraguai desistiu, sob descontentamento dos israelenses. Já Hungria e República Checa optaram pelo mesmo caminho do Brasil: abrir um escritório de negócios em Jerusalém.
No caso húngaro, o premiê Viktor Orban, outro aliado de Bolsonaro, inaugurou em março uma representação comercial na cidade sagrada. Diferentemente do Brasil, o novo local detém status diplomático. A República Checa foi no mesmo caminho.
O recuo de checos e húngaros se explica pela posição da União Europeia, da qual os dois países fazem parte, sobre o conflito entre israelenses e palestinos. Bruxelas, assim como a diplomacia americana até a chegada de Trump à Casa Branca, considera que o status de Jerusalém e as fronteiras de um futuro Estado palestino devem ser definidos por meio de negociações, como preveem os Acordos de Oslo, de 1992. Por isso, os países-membros da UE mantêm suas embaixadas em Tel-Aviv.
Se Budapeste e Praga hesitam em virtude da posição comum da UE, o caso do Brasil tem a ver com o comércio exterior. Em 2018, as exportações brasileiras para os 22 países da Liga Árabe somaram US$ 11,48 bilhões, enquanto as importações perfizeram US$ 7,62 bilhões - superávit de quase US$ 4 bilhões, segundo a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Os principais produtos vendidos para os países árabes são açúcar e carne bovina halal - quando o animal é sacrificado segundo os preceitos do Islã. O bloco é o quarto maior sócio comercial do Brasil e o terceiro maior parceiro do agronegócio do País.
Para efeito de comparação, os números em relação a Israel são mais modestos. Enquanto as exportações brasileiras em 2018 somaram US$ 321 milhões, as importações chegaram a US$1,17 bilhão - um déficit de US$ 849 milhões.
Quando no ano passado o presidente mencionou seu plano de mudar a embaixada brasileira para Jerusalém, o Egito - uma das principais potências regionais árabes - protestou adiando uma visita oficial ao país.
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