Um navio cargueiro afundou dias após um ataque pelos rebeldes houthis do Iêmen, disseram autoridades na manhã de quarta-feira, 19. Acredita-se que o ataque possa ter matado um marinheiro a bordo. Esse é o segundo navio afundado na campanha dos rebeldes visando a navegação no Mar Vermelho.
O afundamento do navio Tutor marca o que parece ser uma nova escalada pelos houthis, apoiados pelo Irã, em sua campanha de ataques a navios no importante corredor marítimo devido à guerra Israel-Hamas na Faixa de Gaza. O ataque ocorre apesar de uma campanha liderada pelos Estados Unidos na região, em que sua Marinha enfrenta os combates marítimos mais intensos desde a Segunda Guerra Mundial, com ataques quase diários a navios comerciais e de guerra.
O Tutor, com bandeira liberiana, de propriedade e operação grega, afundou no Mar Vermelho, disse o centro de Operações de Comércio Marítimo do Reino Unido da marinha britânica em um aviso aos marinheiros na região. “Autoridades militares relataram destroços marítimos e óleo avistados na última localização relatada,” disse o órgão. “Acredita-se que o navio tenha afundado.”
Os houthis divulgaram na noite de quarta-feira, 19, imagens mostrando seu ataque ao navio, reconhecendo que usaram dois barcos drone para atingir o navio por lados diferentes. O exército dos EUA não respondeu a pedidos de comentário sobre o afundamento. O navio Tutor foi atacado cerca de uma semana atrás por um barco drone houthi carregado com bomba.
John Kirby, porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, disse na segunda-feira que o ataque matou “um membro da tripulação que era das Filipinas.” As Filipinas ainda não reconheceram a morte, mas o homem que estava a bordo do Tutor está desaparecido há mais de uma semana no Mar Vermelho.
Diversos ataques
Os houthis lançaram mais de 60 ataques visando navios específicos e dispararam outros mísseis e drones em sua campanha que matou um total de quatro marinheiros. Eles apreenderam um navio e afundaram dois desde novembro. Uma campanha de ataques aéreos liderada pelos EUA tem visado os houthis desde janeiro, com uma série de ataques em 30 de maio, matando pelo menos 16 pessoas e ferindo outras 42, dizem os rebeldes.
Em março, o Rubymar, com bandeira de Belize e carregando carga de fertilizante, afundou no Mar Vermelho após um ataque rebelde. Os houthis mantêm que seus ataques visam navios ligados a Israel, Estados Unidos ou Reino Unido. No entanto, muitos dos navios que eles atacaram têm pouca ou nenhuma ligação com a guerra em curso entre Israel e Hamas.
“É deplorável que marinheiros inocentes estejam sendo atacados enquanto simplesmente desempenham seus trabalhos, trabalhos vitais que mantêm o mundo aquecido, alimentado e vestido,” disse a indústria de navegação em uma declaração conjunta na quarta-feira. “Esta é uma situação inaceitável e esses ataques devem parar agora,” disse.
A guerra em Gaza já matou mais de 37 mil palestinos, enquanto centenas de outros foram mortos em operações israelenses na Cisjordânia. O conflito começou após o Hamas atacar Israel em 7 de outubro, matando cerca de 1,2 mil pessoas e fazendo cerca de 250 reféns. Um relatório recente da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA disse que o transporte de contêineres através do Mar Vermelho diminuiu em 90% desde dezembro devido aos ataques. Até 15% do tráfego marítimo mundial passa por esse corredor.
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Enquanto isso, os houthis disseram na quarta-feira que ataques aéreos liderados pelos EUA visaram Raymah, uma província no Iêmen sob controle rebelde. A agência de notícias SABA, controlada pelos houthis, descreveu o prédio de uma estação de rádio local como “totalmente destruído” nos ataques. Cerca de uma semana antes, os houthis disseram que ataques semelhantes mataram duas pessoas e feriram outras nove, sem dizer se os feridos eram combatentes ou civis.
Mais tarde no mesmo dia, a SABA também relatou ataques liderados pelos EUA visando a cidade portuária de Hodeida. O Comando Central Militar dos EUA disse em um comunicado no início da quinta-feira, 20, que destruiu “uma estação de controle terrestre e um nó de comando e controle em uma área controlada pelos houthis no Iêmen” nos ataques. Também afirmou ter destruído dois barcos drone houthi no Mar Vermelho nas últimas 24 horas. / AP
