LONDRES - Ilha caribenha com pouco mais de 285 mil habitantes, Barbados quer destituir a rainha Elizabeth II do cargo de chefe de Estado e se tornar uma República. Ex-colônia britânica na América Central, o país conquistou a independência em 1966, mas ainda mantém um vínculo formal com a família real, em modelo similar ao adotado por outros países que foram parte do Império britânico.
"Chegou a hora de deixar totalmente para trás nosso passado colonial", disse a governadora-geral de Barbados, Sandra Mason, ao fazer um discurso em nome da primeira-ministra do país, Mia Mottley.
"Os barbadenses querem um Chefe de Estado barbadense. Esta é a declaração final de confiança em quem somos e no que somos capaz de alcançar. Conseqüentemente, Barbados dará o próximo passo lógico em direção à soberania plena e se tornará uma República no momento em que celebrarmos nosso 55º aniversário de independência", completou.
O aniversário citado por Mason acontece em novembro do próximo ano, o que significa que o processo de rompimento com a monarquia britânica teria um curto espaço de tempo para ser consolidado.
O Palácio de Buckingham se pronunciou diplomaticamente sobre a proposta, afirmando que o assunto é uma questão do povo de Barbados. No mesmo sentido, o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido afirmou que a decisão caberia ao país caribenho.
"Barbados e o Reino Unido estão unidos em nossa história, cultura, idioma compartilhados e muito mais. Temos uma parceria duradoura e continuaremos a trabalhar com eles, juntamente com todos os nossos valiosos parceiros caribenhos ", disse uma porta-voz do ministério.
Em termos práticos, a rainha Elizabeth desempenha um papel de menor importância na política de Barbados. É responsabilidade da rainha nomear o governador-geral do país, que a representa em eventos formais, como a abertura do Parlamento - ocasião em que Mason fez o discurso na terça-feira, 15.
Relação Reino Unido-Barbados
A ilha de Barbados foi reivindicada para a Inglaterra em 1625, quando o capitão Henry Powell desembarcou lá. Ao contrário de outras ilhas do Caribe que foram palco de disputas entre potências europeias como Espanha, Holanda e França, os britânicos conseguiram estabelecer o domínio da colônia sem maiores problemas.
O tráfico de escravos para trabalhar nas plantações de açúcar moldou a demografia da ilha, que até hoje tem a maior parte da população composta por descendentes de africanos.
Algumas ligações culturais com a Grã-Bretanha permanecem: as cidades têm nomes como Hastings e ruas como Liverpool Lane. Entre os esportes, o críquete é muito popular, assim como no país europeu. Atualmente, o Reino Unido é lar de uma grande comunidade de descendentes de cidadãos de Barbados. /REUTERS
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